Capítulo XXXVII

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Pensando em toda aquela situação, Nakahara sentia que seu corpo acabara de ser atingido por uma forte descarga elétrica, ele queria correr. Não para ajudar Kenzaburo com suas questões familiares ou de resolver com seus amigos, mas para comprar-lhe uma refeição. Chuuya ainda se lembra do quão ruim foram seus momentos sem comer por culpa da ansiedade, ou quase transtorno alimentar, foi uma época sombria, e ele a repugna. Kenzaburo é um monstro realmente, mal-educado e Chuuya não lhe deseja coisas boas, mas também não deseja que o mesmo passe fome. Concluindo esse pensamento, ele bateu o calcanhar contra a grama fresca em um tique nervoso enquanto encarava a própria lancheira, coisa que chamou atenção dos outros três, ele parecia estar em transe, e talvez realmente estivesse, mas, não importa. É comida. Apenas algumas refeições, não é como se fosse fazer amizade.

— Eu já volto. — Disse o ruivo, pondo sua lancheira de lado e começando a caminhar, questionando a si próprio de onde Oe poderia estar. Se ele foi capaz de revirar os lixos de casa em busca de qualquer resquício de alimento, e em pleno desespero foi capaz de comer seda, é possível que ele esteja perto de onde os restos de alimento são depositados? Enquanto tentava adivinhar onde seria esse tal lugar, Nakahara sentiu alguém agarrar seu pulso, e impedi-lo de seguir em frente. — Quer alguma coisa?

— Você não precisa ajudar ele. Viu o que aconteceu no vestiário, ele não quer ajuda. — Explicou Dazai, soltando o pulso do mais velho e cruzando um braco sobre o outro. O menor franziu o cenho e o encarou de cima a baixo, estava irritado, entretanto, ao suspirar e pensar um pouco, ele afirmou ter noção daquilo, mas voltou a caminhar, sendo puxado pela camisa novamente pelo maior. — Sabe que não pode se meter na vida de todo mundo, né? Você nem gosta dele. Por que tá fazendo isso?

— Porque ele tá com fome, cacete. Três semanas sem comer direito, você também já passou fome quando era mais novo e sabe muito bem a sensação. Não. É. Divertido. Tem razão, eu não gosto dele e não desejo coisas boas, mas não significa que quero ver ele com fome. Já tentou ficar dias sem comer e se exercitar constantemente? É uma merda. Você gasta a energia que não tem, energia que deveria estar guardando. Não tô dizendo que vocês são iguais ou pedindo pra você se colocar no lugar dele, mas, por favor... É comida. Só comida. Não quero sua ajuda. Vou levar ele pra cantina, comprar alguma coisa, e só. — Explicou, parecia realmente incomodado, estava de estômago embrulhado lembrando de sua fase ruim. Dazai lhe encarou por alguns segundos, e bufou revirando os olhos e dizendo que o ajudaria. Nakahara não sorriu, não elogiou, não fez nada, apenas continuou a caminhar buscando nos possíveis lugares que Oe poderia estar. 

— Quase metade do ano e você ainda não mapeou esse lugar, meu Deus. Se eu estivesse com fome, e fosse hora do almoço, eu definitivamente não ficaria nos corredores porque sentiria ainda mais fome vendo outros comerem, e se eu ficasse perto da lixeira os meus "amigos" iam me zoar. Não ia ficar na sala também, eles iriam implicar comigo. Eu estaria com a Sayaka porque ela sempre tem alguma coisa sobrando, lá em cima aonde ninguém vai, escondido em algum armário ou na enfermaria. Eu odeio ele, mas realmente espero que não esteja na enfermaria. — Murmurou Osamu, puxando Nakahara para subir as escadas começando a procurar a sala da enfermaria, que não demoraram para encontrar. Ao finalmente abrir a porta, Mori estava sentado de frente para a pequena janela, comendo chazuke, estava sozinho. Ele se virou para os rapazes, oferecendo um sorriso simpático, assistindo Osamu enrugar o nariz por repulsa, e fechar a porta com força. — Menos mal.

— Você vai procurar a Sayaka, eu vou ver lá em cima. Aproveita e pergunta pra se tá tudo bem, mas não apressa porque ela ainda não falou se decidiu. Vai estressar a coitada se fizer isso. — Disse olhando ao redor, e puxando Osamu para um selar breve, subindo as escadas para buscar por Kenzaburo que realmente estava lá, jogado no chão com braços e pernas abertos, finalizando uma garrafa de água. — É, até que não tá tão ruim pra um vagabundo. Você sabe levantar sozinho, vem. A gente vai comprar alguma coisa na cantina. Eu não vou me ferrar tentando te entender. Não gosto de você e realmente espero que sofra o que fez os outros sofrerem, mas não quero que morra de fome. — Resmungou cruzando os braços ao se escorar na parede, assistindo Kenzaburo demorar alguns segundos para erguer o próprio corpo, estava mantendo intervalos de olhos fechados para não acabar desmaiando. — Três semanas? 

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