Capítulo XCII

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Ouvir aquilo fez Chuuya arregalar os olhos, segurando o choro. Ele queria que Dazai abrisse a caixa antes de concluir seu raciocínio. Visto que seu namorado parecia irritado ao falar aquilo, o ruivo sentiu-se rejeitado. Ele demorou muito tempo para escrever a carta e montar aquela caixa. Todo o trabalho que teve em se expressar, algo que tinha dificuldade, foi rejeitado pela pessoa que Chuuya mais queria impressionar. Dazai também estava frustrado, ele não gostava que Chuuya não conseguisse confiar naquele relacionamento ou no esforço que faziam para ficarem juntos diante a tantos problemas. Os problemas daquele relacionamento, em sua maioria, eram por traumas individuais do ruivo inseguro. Dazai ser seu primeiro namorado não o torna professor sobre o que Chuuya deve fazer e sentir estando num relacionamento. Se ele pensa em terminar, mesmo que doa, é melhor do que se frustrar e sempre trazer aquele assunto a tona, desgastando a relação. Chuuya não sabia mais o que fazer ou o que deveria falar, ele precisava que Dazai abrisse a caixa para ler o que Chuuya não conseguia verbalizar. Rejeitado como foi, o ruivo não se sentia a vontade para abraçar Dazai ou tocá-lo outra vez. Como todos sabem que Chuuya faz quando não consegue resolver algo, ele começou a chorar. Entretanto, por tentar esconder aquilo, chamou ainda mais a atenção de Osamu.

- Por que você tá chorando? - Perguntou, estava irritado, mas também se preocupava com seu suposto ex namorado.

- Eu não tô chorando. - Resmungou, limpando o rosto e mordendo os lábios, irritado como seu namorado. - Eu vou embora. - Reclamou, frustrado, entretanto, ao pegar a caixa para sair dali, ele foi puxado para um abraço. O ruivo irritado não procurava toque, então, empurrou Dazai, batendo as costas no chão ao fazê-lo. Aquilo fez Chuuya abrir um berreiro, escondendo o rosto e começando a chorar pela falta de clareza em se comunicar. Dazai, assistindo aquela cena, o pegou nos braços e acolheu, fazendo o ruivo chorar ainda mais.

Dazai permitiu que o mais velho se aninhasse em seus braços, mesmo não sendo essa a situação que pensava quando se imaginou abraçando Chuuya, ele também se confortou nos braços de seu amado. 'Toda comunicação, ainda que falha, é uma forma de comunicação.' O toque é uma comunicação, e eles estavam se acolhendo através dele. É necessário encontrar alguém que fale seu idioma para que você não precise passar o resto da vida traduzindo sua alma. Embora não soubessem, nesse, assim como em outros universos, Chuuya e Dazai são a mesma alma em corpos separados. Dazai também chorou um pouco, ele não queria terminar o relacionamento, mas se Chuuya decidisse isso, precisaria aceitar. Com o ruivo sonolento após soluçar de tanto chorar, Dazai lhe deu um beijo no pescoço e foi apertado com força pelo ruivo que não queria desgrudar.

- Eu não falei que queria terminar, por isso montei essa caixa. - Resmungou choroso, soluçando enquanto recebia carinho e retribuía o mesmo. - Por que você tá terminando comigo?

- Você veio com um papo todo estranho que você não me faz bem e que não acha bom não sei o quê, como você acha que eu vou entender isso? Eu não tô terminando com você, você que falou isso. - Resmungou, começando a chorar também. Eles são um casal de chorões.

- Você rejeitou a caixa e disse aquilo. - Resmungou, fungando dentre o choro. Seu rosto estava tão vermelho quanto o de Dazai, e Chuuya sentia que precisava chorar mais para conseguir desabafar, então, assim ele fez. Após chorar por quase dez minutos, os garotos vermelhos continuaram abraçados, fazendo carinho um no outro. - Não quero terminar.

- Eu também não quero. - Resmungou, encostando a bochecha na cabeça do menor. Os dois estavam soluçando, tentando recuperar o fôlego com um bico nos lábios. - Você foi idiota falando aquelas coisas.

- Você foi idiota rejeitando a minha caixa. - Resmungou teimoso, sentindo Osamu se mover, o ruivo prendeu as pernas na cintura alheia, temendo se afastar.

- Eu só peguei a caixa. - Explicou, e o ruivo virou o rosto, assistindo o namorado se preparar para abrir a mesma. Ele se virou de forma desajeitada no colo do outro até estar de costas para o namorado, que tinha o queixo pousado em sua cabeça enquanto tentava abrir a caixa, enfim desembrulhando. Ele abriu, e se surpreendeu com o mar de coisas que haviam ali. Cartas, fotografias, chaveiros e uma caixa de sapatos. Lógico, Dazai logo pegou as cartas, curioso para ler. Ao retirar a fita que lacrava uma das cartas, assistiu a mesma desenrolar como um pergaminho. Haviam mais de dez folhas de caderno coladas, uma seguida da outra. Dazai abriu um sorriso largo, apertando o namorado que estava nervoso pelo que escreveu. - Você fez tudo isso?

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