Capítulo LIV

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⚠️⚠️ Esse capítulo aborda temas sensíveis como T.A e distorção de imagem, caso você seja sensível ao tema não leia. ⚠️⚠️

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Após saírem de casa em completo silêncio, Chuuya ficou brincando com os próprios dedos enquanto Verlaine estava dirigindo sem dizer para onde iriam ou quanto tempo demoraria para chegar. Não havia música, apenas o silêncio dentro do carro, apesar das janelas estarem abertas, o som das ruas era nulo, o que deixava a situação ainda mais constrangedora. O clima tenso preocupava o ruivo, que estava realmente nervoso depois de ter a situação explanada ao irmão. Chuuya sabia que Verlaine não iria gritar ou bater em algo, sabia que se tratava apenas de uma conversa, mas era uma conversa sobre algo que ele não queria conversar, um assunto sensível que os incomodou por anos e que voltou sorrateiramente há alguns meses.

- Quer falar? - Perguntou o loiro, depois de quase dez minutos em completo silêncio. O mais novo mordeu os lábios, e negou com a cabeça, apertando as mãos com força, ainda por cima das luvas. Eles novamente entraram no silencioso constrangedor que seguiu por mais alguns minutos até a barriga de Nakahara roncar, evidenciando sobre sua fome. - O que você quer comer? - Perguntou curioso, e o outro demorou para responder, escolhendo um sanduíche. - Tudo bem. - Respondeu, e novamente o silêncio se estendeu, até Chuuya suspirar, e comentar que o peso que perdeu foi de forma não tão saudável, algo que Dazai já havia explicado, fazendo Verlaine ver ali a oportunidade para finalmente perguntar. - Alguém fez alguma coisa com você pra isso voltar? Ou foi como o Dazai explicou?

- Só o que ele explicou. Ninguém fez nada comigo, eu só quero ter uma aparência comum. Se meu cabelo fosse preto, eu fosse mais alto, não tivesse sardas, e meu cabelo fosse liso igual o seu, não falariam nada ou falariam menos. Ser mais comum faria as pessoas me deixarem em paz. - Explicou, e o mais velho concordou, comentando que Chuuya também deixaria de ser quem é. Nakahara toma muito de sua personalidade conforme a aparência, principalmente com o cabelo, é visível pela forma que cuida dele mesmo quando diz que não o quer. Ouvir aquilo o fez encarar Verlaine, que ignorou o olhar, focando na estrada. - Isso doeu. - Resmungou, e Verlaine permaneceu quieto, afinal, era verdade. Chuuya gosta de seu cabelo especificamente por ser semelhante com o de sua mãe, mas detesta chamar tanta atenção, já que não tem pessoas como ele em casa.

- Então fizeram algo. Não diretamente, mas disseram e você ouviu, te incomodou e você criou paranóia. Certo? - Analisou, e Nakahara levou um tempo para raciocinar, concordando em seguida. - Certo, e agora? Como vamos resolver a situação? Você quer realmente o sanduíche? - Perguntou, e o outro novamente demorou para raciocinar, decidindo que um pote de salada seria bem melhor. - Okay, você quer beber algo, ou um doce? - Questionou, e Nakahara respondeu sobre querer um mochi e uma vitamina de morango. - Tudo bem, mas eu quero sanduíche, então vamos comprando separado. - Avisou, e o mais novo concordou, parecendo finalmente relaxar. - Quer falar sobre a origem dessa paranoia pra tentar buscar uma nova solução? - Perguntou curioso enquanto dirigia, e o outro afirmou, demorando para explicar.

[...]

Passados três anos de um trauma que carregará por toda a vida, Chuuya enfrentou coisas ainda piores em uma nova escola. Chegado na Argentina há pouco menos de dois meses, o pré-adolescente reservado e ansioso estava ingressando em uma nova escola, onde ele realmente tinha esperança de fazer boas amizades. Com 11 anos, Chuuya não era sociável, mas Rimbaud e Verlaine o incentivaram a tentar fazer ao menos um amigo em seis meses, conseguindo deixar aquele que acabara de entrar no Fundamental II empolgado. Apesar das críticas em relação a sua aparência, os cabelos rebeldes do ruivo estavam presos em uma trança lateral feita por Rimbaud. Chuuya colocou um sorriso no rosto em seu primeiro dia, e foi barrado no portão. Garotas não podem usar calças. Demorou um tempo até Verlaine explicar que Chuuya era um rapaz, e que os argentinos pudessem entender, entretanto, uma vez que entenderam, Chuuya foi importunado por ser "confundido" com uma garota diversas vezes. Seus pronomes eram trocados, e ele parou de se incomodar com isso em pouco tempo, mentindo para si e afirmando que aquilo era por acidente. Entretanto, tudo começou a piorar, eles tomaram como verdade que Nakahara era sim uma garota rebelde, e ele foi realmente colocado em um grupo de meninas para se enturmar, embora seus gostos fossem completamente diferentes e ele tenha deixado claro sua identidade de gênero.

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