Capítulo LV

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Abraçados em cima do carro, eles ficaram sem conversar tanto. Chuuya estava sensível, chorando e lembrando do transtorno alimentar que teve. A conversa séria de Verlaine não era de fato seria, era apenas uma conversa. Com o passar dos anos, ele se adaptou as crises de seu irmão, e entendeu que não deveria agir como agiu no início. Na primeira vez que ocorreu, ele foi rude e grosseiro com um adolescente sensível que estava traumatizado. Verlaine aprendeu que não pode esperar que Chuuya siga a lógica, seu cérebro não está formado. Ele não está preparado para algo assim. Então, Verlaine precisa confortá-lo e ser gentil, entretanto, deve impor limites. Chuuya tem horário para voltar para casa, tem limite de vezes que pode dormir com Osamu, tem horário para ter Dazai em casa caso não forem pernoitar juntos. Chuuya tem limites, e Verlaine sente orgulho de tê-lo criado assim. Nakahara pergunta as coisas, e sabe aceitar não, embora não goste.

— Chuuya, você quer levar o Dazai pra conhecer o vô e a vó? Os daqui, os de painho. No fim de semana a gente pode ir se você quiser. Já apresentei o Rimbaud como meu namorado, eles cagaram. São legais. A vovó faz mochi e o vovô faz aqueles jeans, lembra? — Comentou limpando o rosto do irmão, que roubou seu refrigerante enquanto pensava. — Que tal? Vai ser divertido. Você disse que achou Tokyo legal naquele passeio, só não pode se perder, okay? — Perguntou, e o outro revirou os olhos afirmando com a cabeça. Verlaine abriu um sorriso contente, e Nakahara encarou a lata de refrigerante por um tempo, virando o rótulo para buscar as calorias, mas nada tinha. — Você sempre compra da zero, essa também é. Chuuya, tem certeza que vai ficar tudo bem? — Perguntou preocupado, e o adolescente confirmou a contra gosto, a fim de fugir do assunto. — Eu preciso ter certeza ou vou ficar em cima de você o tempo todo. Você quer ficar sozinho hoje? Se o Dazai não estiver dormindo e quiser ir, ele pode dormir lá em casa com você. — Propôs, e o ruivo realmente analisou a situação, o que Verlaine não esperava. Chuuya realmente tem um sono confortável com Dazai, mas seu namorado irá gastar energia tentando convencê-lo de que não precisa perder peso, o que Nakahara não quer ouvir naquele momento. O ruivo negou, e pediu para voltarem, descendo do carro com o sanduíche em mãos. — Porta aberta.

— Tudo bem. Mas eu acho que vou fazer dieta. — Respondeu, e o irmão perguntou qual tipo de dieta o menor faria. — Uma pra manter o que eu tô. Já que vocês choram se eu entrar nos 40kg, o que eu acho uma idiotice, vou ficar com 57kg. Não tô bem com meu peso, e ainda não concordo com a linha de raciocínio de vocês, mas acho que tudo bem eu não perder 15kg. Entendo que não é saudável, só me recuso a continuar me estressando do jeito que to. — Explicou, e Verlaine demorou um tempo para concordar. Em seus cálculos, Chuuya permaneceria saudável, e entre perder 3kg e perder 15kg, Verlaine prefere 3kg. — Sobre vóinha e vôinho, eu vou falar com o Dazai. Ele tá curioso depois que falei que a da fazenda era uma paleta de sombra, esses aqui ele não vê por videochamada porque eles só ligam quando ele tá em casa, é tarde. — Explicou, e seu irmão disse para Nakahara fazer uma surpresa, já que sua avó parecia animada em descobrir as coisas. — Tudo bem. Verlaine? — Chamo, e seu irmão parou no sinal, virando o rosto para o menor, que também o encarou. — Dazai é meu melhor amigo, e namorado. Temos a mesma idade. Eu amo ele. — Disse o mais novo, e seu irmão abriu um sorriso bobo voltando a dirigir, Chuuya parecia contente com o que disse.

[...]

Em casa, Chuuya e Verlaine explicaram o que fizeram superficialmente, e quando Chuuya foi para o quarto, o loiro deu detalhes da conversa. Não foi uma conversa séria e longa, foi uma conversa simples abordando um assunto sério. Verlaine é um advogado, ele está ali para fornecer um diálogo e guiar seu irmão a buscar uma solução. Ele não dará a resposta, ele dará sugestões e opções, até que Nakahara escolha como resolver seus problemas. O loiro também disse orgulhoso sobre o irmão ter dito que Osamu ser seu melhor amigo, e o quão contente parecia estar ao dizer que o ama. Também foi dito sobre o encontro em família antes da viagem, o que empolgou Rimbaud. Ele e a avó de Verlaine se deram super bem, e o amor de Osamu por jeans com certeza fará o avô dos rapazes se interessar por ele. Rimbaud queria perguntar se eles conversaram sobre Kenzaburo, mas o medo de estragar tudo e quebrar a palavra que deu ao ruivo era maior. Verlaine continuou falante, e Rimbaud o ouvia com atenção, curioso por seus assuntos. No quarto, Chuuya estava em sua rotina noturna, se preparando para dormir. Seu celular estava cheio de mensagens de Dazai perguntando se estava tudo bem, e se desculpando por explanar a situação para Paul. Chuuya não estava bravo como Dazai esperava, o que foi surpreendente. Eles ficaram na varanda, enrolados em suas cobertas, mostrando desenhos e conversando através das folhas de papel por acharem aquilo bem mais divertido do que trocar mensagens ou ligar. A conversa seguiu até que Chuuya estivesse dormindo na varanda pelo cansaço, o que deixou Dazai bobo e preocupado em tirá-lo dali, mas não sabia como fazê-lo, então, ele também acabou adormecendo na varanda para ter certeza de que Nakahara estaria bem.

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