Capítulo III - Ameixas?

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Curioso a respeito das bandagens, Chuuya desviou o olhar algumas vezes para Dazai que parecia dormir profundamente. Seu rosto estava sem nenhum machucado, mas apesar das bandagens podia notar hematomas no pescoço alheio. O ruim de ser estranho é que as pessoas não vão conversar com ele mesmo que peça, então terá que buscar outra forma de descobrir o que acontece com Dazai. Osamu não lhe proibiu de saber, apenas não quis contar. De qualquer forma, uma hora ou outra chegará aos seus ouvidos. Enquanto pensava sobre, algo pesado bateu contra sua cabeça, antes que pudesse virar-se e verificar o que era, notou ser o rapaz que dormia. O ruivo então se aquietou, podendo ouvir a música alta no fone do outro atrapalhar a sua. Chuuya até poderia acordá-lo, mas por ter o visto comer apressado e dormir tão profundamente, resolveu apenas mexer no celular. Por alguns segundos, isso funcionou, mas se distraiu ouvindo a respiração do mais novo soar tranquila próximo aos seus ouvidos por ter se desfeito do cone, quase lhe fazendo sentir arrepio. Distraído com a sensação, quase não notou as portas se abrirem, o rapaz então cutucou a coxa do outro para acordá-lo, e foi até que bem rápido. Diferente de Chuuya, que tem o sono um pouco mais pesado, Dazai parece se acordar com mais facilidade.  

— Já chegamos, vem. — Explicou o ruivo já se levantando e segurando no pulso do rapaz que ainda parecia estar cansado, Osamu bocejou deixando-se ser puxado para fora do trem e começou a caminhar. Ao saírem da estação, Nakahara largou a mão do mais novo que caminhava preguiçosamente um pouco atrás de si. Durante o trajeto não houve conversa alguma, e eles não se atrasaram para a escola. 

Entretanto, chegando lá, o ruivo foi recebido com olhares surpresos, não tão negligentes quanto no dia anterior, eram estranhos. Uma mistura de medo, repudia e raiva. Osamu não se importava com aquilo, não era da sua conta, então foi ao próprio armário trocar os sapatos. Nakahara, visto que os outros pareciam assustados demais para lhe perturbar, fez o mesmo. Ao calçar os sapatos e fechar a porta do armário, notou duas pessoas surgirem de repente a sua frente, causando um susto bobo. Tinham alturas semelhantes, por volta de 1.70, se fosse chutar precisamente, entretanto, os estilos eram completamente diferentes. Um deles tinha cabelos brancos e uma franja ridícula de quem cortou com uma tesoura cega, junto a isso, a pele pálida e um sorriso frouxo nos lábios como um idiota, como Dazai. O outro tinha fios escuros e desgrenhados, ondulados, tingidos com duas mechas brancas nas pontas separadas pela repartição do cabelo. A testa era estupidamente grande se somasse com a ausência de sobrancelhas, ou o tamanho delas. 

— O que querem? Olha, se forem amigos daquele Kenzaburo já vou avisando que não tô a fim de papo hoje. — Abanou as mãos como se os dispensasse, fazendo o de fios brancos entristecer a face, vendo isso, o outro se irritou, tomando a frente e se aproximando um pouco mais de Nakahara. 

— Acha que alguém como ele pode ser amigo do Kenzaburo? O cara tira sarro de você por ter o cabelo laranja, esse aqui tem o cabelo branco. Dei-me paciência, senhor. Eu sou Akutagawa Ryūnosuke, estou no 9° ano do ensino fundamental II. Esse é Nakajima Atsushi, também está no 9° ano. — Explicou o rapaz de fios escuros, pela face irritada, Chuuya também notou as olheiras cansadas o fazendo se perguntar o que aqueles dois garotos queriam com ele. Aliás, como são tão novos e são maiores que ele? Japoneses não costumam ser pequenos?

— E o que vocês têm a ver comigo? Pode me dar licença? Obrigado. — Perguntou começando a caminhar em direção a sua sala, tendo a companhia dos outros dois garotos ao seu lado. Isso piorou ainda mais o pesar dos olhares, Chuuya podia ter certeza. Não era coisa da sua cabeça, realmente pareciam julgar sua alma. 

— Você é grosseiro demais pra alguém tão pequeno, sabia?— Atsushi reclamou, e parou de caminhar de repente quando o ruivo também parou. Recebendo um olhar de ódio, diferente daqueles de seu cotidiano, estava irritado, mas não pretendia lhe fazer mal. — Okay, desculpe. E, bom, nós estamos com você devido à fofoca de ontem. Sabia que o Kenzaburo torceu o pulso quando caiu da escada? Seu nome e o que você fez tá rolando solto na boca do povo, meu amigo. 

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