Capítulo XXII

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Durante a aula de geografia, o professor dividiu os alunos em grupos, lhes entregando o material e pedindo que montassem maquetes, explicando sobre a região que foram designados a montar. E, de bom grado, deu a breve explicação de que ele e o professor de história estavam organizando uma excursão à Tokio, sua capital, onde conheceriam pontos históricos e importantes informações geográficas, e, é claro, poderiam ter tempo livre para fazer compras. Chuuya e Dazai estavam no mesmo grupo, óbvio, e nele Dazai passava o texto, cortando algumas partes do papelão e isopor enquanto os outros pintavam e citavam pontos importantes que deveriam ser ditos. Osamu então pediu que lhe passassem o estilete, já que precisava usá-lo para moldar o isopor para adquirir melhor relevo, e assim foi feito, Chuuya estava na mesa do professor pedindo outras tintas quando Kenzaburo, sem motivo algum, levantou e se direcionou a mesa de Dazai, pegando o estilete de sua mão. 

— Osh, tá chapando? Devolve, eu preciso terminar isso. — Pediu, chamando atenção dos integrantes das duas equipes. Kenzaburo estendeu a mão, pedindo o isopor e questionando como deveria cortá-lo. — Vai fazer o teu trabalho, Kenzaburo. Por que você tem que se meter no meu? — Reclamou, pedindo com a mão o estilete.

— Por que eu te confiaria um estilete? Quem de vocês entregou essa coisa pra ele? — Perguntou irritado, escondendo a lâmina do objeto e apontando para os outros dois integrantes do grupo, nenhum tinha coragem suficiente de olhá-lo nos olhos. — Façam vocês mesmos. Não deem coisas afiadas e cortantes pra ele. — Avisou, pondo o estilete na mesa, distante de Dazai. 

— Por que você tá fazendo isso? Não é como se eu fosse sair por aí machucando os outros. Eu só fiz o que fiz com você porque é um idiota, devolve. — Disse cruzando os braços, e o professor lhes chamou atenção, pedindo que Kenzaburo voltasse ao lugar, e Chuuya se juntou ao grupo novamente, com algumas tintas em mãos. — Me passa o estilete pra eu terminar o meu trabalho, tampinha. — Pediu, em um tom provocativo, destacando para Kenzaburo não pegá-lo.

— Já falei que não. — Disse o moreno, irritado, esticando a mão para pegar o estilete que Chuuya tentava entregar para Dazai. Pelo movimento falho, as lâminas não estavam mais escondidas, e por pegá-lo com brutalidade, acabou cortando a mão de Nakahara e a sua própria, manchando a mesa e jogando o estilete para longe. — Merda. — Resmungou, e o professor imediatamente levantou, pedindo que os dois garotos fossem até a enfermaria à direção explicar o que ocorreu. Ouvir aquilo fez Nakahara entrar em pânico, cerrando o punho e resmungando xingamentos em francês. 

— É só por causa desse filho da puta que eu me fodo. Se meu irmão vier pra escola por causa disso, eu vou cortar suas pernas com aquele estilete pra você nunca mais levantar. Eu deveria pegar aquele estilete e passar na sua garganta. — Ameaçou, mas não recebeu nenhuma reação além de confusão nítida no olhar de Kenzaburo que não entendia uma só palavra. Chuuya suspirou, e voltou a pensar mais claramente, sentindo a dor do corte o incomodar. — Por que você fez isso? 

— Eu queria usar o estilete. — Kenzaburo disse, dando uma mentira esfarrapada. Chuuya praguejou, e o moreno pediu para ver a palma que Nakahara mantinha fechada. Apesar do sangue, não era um corte profundo, o que deixou o rapaz aliviado. — Não dê estiletes pro Dazai. — Pediu, chamando a atenção do ruivo.

— Você é ridículo. Aqui é a enfermaria? — Perguntou encarando a porta, e Kenzaburo afirmou, abrindo-a. Lá estava Mori, o enfermeiro, seus fios lisos e negros estavam soltos, perfeitamente cortados um pouco abaixo da orelha, sentado na cadeira com as pernas cruzadas, ele jogava Candy Crush na mesa, descansado o rosto na palma da mão, entediado, até que seu olhar fosse levado aos alunos que estavam na porta. O que chamou sua atenção foi a "garota" estrangeira que, por alguma razão, estava usando calças. — Nós nos cortamos durante a aula e o professor pediu que você desse uma olhada. Pode fazer isso, por favor?

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