Não te entendo mais...

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* Yoon Ah on *

Depois de todo aquele incidente com o Taehyun e o professor Clarkson, todos os demais alunos retornaram à sala de aula, junto dele, certamente com medo de serem os próximos à terem suas bocas lavadas com sabão, assim com o professor Clarkson fez ao nosso Taehyun.
Eu estava inconformada, enquanto via o Taehyun sentado no chão do banheiro, chorando sem parar, encostado ao peito do Yeonjun, que o consolava, ou só menos tentava consolar.
O resto de nós permaneceu ali com ele, no banheiro masculino, ignorando completamente a ordem do professor Clarkson de retornar à sala de aula, não podíamos deixá-lo ali, ele estava tão abalado, acho que eu nunca o vi assim antes, sabe, o Taehyun pode ser meio marrento, mas sabemos que ele é como uma criança que precisa ser protegida.

- Por que... - Ele falou, enquanto fungava. - Por que ele fez isso comigo... Eu... Pedi desculpas...

- Vai ficar tudo bem... - O Yeonjun acariciava seus cabelos, meio sem saber o que dizer ou fazer.

- Isso não pode ficar assim. - O Soobin falou. - Quem aquele homem pensa que é?!

- E o que deveríamos fazer? - HueningKai questionou. - Não temos poder nenhum aqui dentro.

- E vamos deixar que isso fique impune?! - Me intrometi. - Hoje aconteceu com o Taehyun, amanhã pode ser comigo ou com o resto de nós e ainda pior! E isso não se resume à nós, mas ao restante dos alunos... O que aconteceu aqui foi um abuso!

- Você não entende que é a nossa palavra contra toda essa escola? Acha que algum aluno vai querer nos ajudar? Ainda se formos à polícia ou algo assim, quem vai acreditar em nós?!

- Se ao menos tivéssemos alguma prova... - Yeonjun falou.

Senti um peso na consciência, eu queria poder fazer algo, ver o Taehyun daquele jeito me deixou aflita, e não só por isso, mas por causa de toda essa opressão que temos que engolir calados, ser mandados para detenção ou levar advertência por coisas absurdas e sem qualquer chance de defesa... Não... Eu consigo aguentar isso, já me basta todos esses anos... Está quase insuportável.
Olhei para o Beomgyu, que se encontrava no canto do banheiro, de pé, encostado à parede, ele ainda não havia dito sequer uma palavra, ele estava agindo estranho desde o momento em que havia chegado, me ignorando em todas as minhas tentativas de me aproximar. Ainda assim, eu caminhei até ele, decidindo tentar romper aquela barreira que ele, por alguma razão, estava pondo entre nós.

- Beomgyu... - Falei, baixinho.

- O que?

- Está tudo bem?

- Já estou cansado dessa pergunta.

- Você não falou nada até agora...

- Estou chateado demais pra dizer alguma coisa.

- Então você concorda que temos que fazer alguma coisa?

- Não há o que ser feito.

- Do que está falando? Nós somos testemunhas...

- Acha que alguém liga pra isso? Yoon Ah, as pessoas dessa escola não vão exitar em pisar em nossos pescoços como se nós fossemos as serpentes, não importa se somos as vítimas.

- Beomgyu... - Suas palavras atravessaram meu coração como uma lança, me senti sangrar por dentro com o peso daquela afirmação.

- Seja mais realista de agora em diante. - Ele continuou.

- Como pode falar assim? - O Soobin se aproximou, se intrometendo na conversa.

- Apenas disse a verdade.

A sirene tocou, interrompendo aquela conversa, e ainda bem, pois, talvez até e tornasse uma discussão.

- É melhor irmos... - O Taehyun, ainda sentindo-se fragilizado, falou, se separando do Yeonjun.

- Tem certeza? - Yeonjun questionou, preocupado. - Podemos ficar mais um pouco... Ou ir a outro lugar, esse banheiro fede.

- Não se preocupem comigo... - Ele falou. - Eu ficarei bem...

- Mesmo?

O Taehyun concordou com a cabeça, já prestes à se levantar, porém, antes de fazê-lo, ele começou a mexer em seu gesso.

- O que está fazendo? - O Kai perguntou. - Você vai se machucar...

Sem responder, o Taehyun removeu aquela estrutura de gesso de seu braço, parte por parte, jogando-as no chão, sem se preocupar se o mesmo já estava recuperado ou não, ele mexeu o braço, checando seus movimentos, satisfeito com eles.

- Você não deveria ter feito isso, e se seu braço ainda não estiver bom?! - Yeonjun reclamou.

- Eu já estava farto desse gesso, me sinto melhor agora. - O Taehyun respondeu, seriamente, até por fim, se pôr de pé.

- Vamos mesmo voltar para a sala de aula? - Questionei, ainda indignada.

- Se formos pegos aqui, talvez seja pior... - Yeonjun falou, com uma voz melancólica.

- Mas... - Tentei protestar, mas acabei sendo vencida, vendo que, pelo silêncio, a maioria concordava. - Tudo bem...

Saímos um atrás do outro, sendo o Beomgyu o primeiro, caminhando pelo corredor, sem sequer esperar pelo resto de nós.
Seguimos juntos pelo corredor, o Taehyun segurava em meu braço enquanto andávamos, nenhum de nós ousou dizer uma palavra a maior parte do tempo.

- Ah... - O HueningKai, que seguia logo atrás, quebrou aquele desconfortável silêncio. - Eu acho que deixei meu celular no banheiro.

- Corajoso você por deixar suas coisas em qualquer lugar. - Soobin murmurou.

- Eu já volto. - Ele correu de volta em direção ao banheiro, enquanto o resto de nós seguia para a sala de aula.

+ × +

Na hora de finalmente (finalmente mesmo) voltar pra casa, eu acabei demorando ao guardar meus materiais, e assim, não tive oportunidade de me despedir de todos os garotos, ao menos ao Taehyun eu consegui dar um abraço, ele ainda estava muito deprimido, e também estressado, pois a Ma Ri não parava de falar e reclamar do ocorrido o tempo inteiro, mesmo que o Taehyun estivesse deixando claro que queria apenas esquecer.
Saí do prédio da escola, indo até o bicicletário, com a esperança de encontrar o Beomgyu lá, eu sei, talvez eu esteja sendo infantil, ou obsessiva, talvez o Beomgyu só precise de um tempo sozinho mas, sei lá... Eu só queria entender o que está acontecendo, não por curiosidade, mas porque estou preocupada.
Eu o encontrei lá, desprendendo sua bicicleta, prestes à montar nela e ir embora, porém, me aproximei, ligeiramente, impedindo-o de fazê-lo.

- Beomgyu!

- O que foi agora, Yoon Ah?

- Quer ir ao cinema comigo? - Pensei rápido, talvez ele só precisasse se distrair.

- Não vai dar.

- Você vai estar ocupado?

- Um pouco.

- Bem... Então posso ir à sua casa?

- Pra que você está insistindo tanto?

- Eu só quero passar tempo com você.

- Ficamos o dia inteiro juntos.

"O dia inteiro? Mas você só me evitou... E quando não, me tratou dessa forma..."

- Me desculpe... - Abaixe a cabeça.

- Deixa pra lá. - Ele montou na bicicleta. - Até amanhã.

- Não vai me levar pra casa?

- Tenho que fazer uma coisa agora, não tenho tempo.

- Oh, eu entendo...

- Tchau. - Ele começou a pedalar, passando pelo portão de entrada, indo embora.

"O que está acontecendo com você? Eu... Será que eu fiz alguma coisa? Eu não consigo entender... Aish, o que eu faço agora? Se ao menos você me dissesse..."

No Rules ☆ +omorrow × +ogether ☆Onde histórias criam vida. Descubra agora