Capítulo 58

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Red trabalhou em sua zona por um longo tempo. A construção já tomava forma e dava para a diamante um sentimento de orgulho e realização, além de uma sensação de que ela estava reconstruindo mais do que um quarto ou uma área de descanso, mas sim sua vida.

Era isso. Estava construindo uma nova vida à partir dos escombros da velha. Não era mais a covarde obediente às outras diamantes, nem a grande assassina de inocentes e conquistadora de mundos. Também não era mais um ser em eterno conflito e dor ao se negar a fazer o que sua própria essência lhe dizia para fazer, além de lhe faltar um pedaço de sua joia, que no fim das contas é de fato o seu corpo.

As coisas mudaram. Infelizmente não possuía mais a luz de seus filhos para lhe guiar em meio à escuridão da sua culpa e pesar, mas sentia que estava ganhando uma luz própria. Ainda fraca, porém constante e cada vez mais brilhante.

Parou um momento para admirar sua construção. A maior parte era destinada à arena de treino, mas também haveria uma sala de estar, uma mesa de jantar, uma cozinha, lavabo, duas suítes e uma suíte máster. Queria garantir que fossem humanos ou gems a lhe visitar eles teriam conforto. Contudo, diferentemente de sua casa na Terra ou mesmo seus antigos aposentos, sua zona estava sendo pensada em primeiro lugar para ela.

Pensou em sua casa e o quanto a estava evitando. Aquilo não podia continuar, não podia se permitir ser dominada pelo pesar, pela culpa, nem pelo luto. Suspirou profunda e longamente enquanto tomava sua decisão.

Voou de Blood-Drop para a Terra, diretamente para sua casa sem se importar em quem veria o ser de chifres, cauda e cascos que entrava na residência com a chave. Não usou atalhos nem artifícios, entrou pela porta da frente com uma sensação de nó na garganta e frio no abdômen, mas entrou.

Fechou a porta e subiu as escadas até o segundo andar. As portas dos quartos estavam abertas como havia deixado em seu primeiro dia de retorno. Escolheu o quarto de Dylan, fez uma saudação gork na entrada antes de dar o primeiro passo no interior do cômodo.

Aquilo foi mais difícil do que ela previra. Sabia que ia se acabar de chorar, mas não imaginava que isso iria atrapalhar a sua visão e raciocínio ao ponto dela parar de separar as coisas de seu filho e tomar um ar no corredor.

No entanto, cumpriu sua tarefa e tudo o que havia no quarto foi colocado em diversas caixas. Ainda não sabia o que fazer com tudo, se vendia e doava o dinheiro ou se doava as coisas em si, mas isso ela poderia decidir depois. Naquele momento ela já tinha um próximo desafio.

Foi até o quarto de Sara igualmente fazendo a saudação gork antes de entrar. As coisas de sua menininha foram ainda mais difíceis de ver, pois não havia um objeto, uma peça de roupa, um brinquedo sequer que não trouxesse uma lembrança de Sara.

Mais uma vez o choro tomou conta de seu ser, porém não era tão dolorido quanto o que teve antes, conseguia até sorrir com uma lembrança ou outra. Sara sempre lhe fez sorrir, não gostava de ver a diamante sisuda ou triste. A criança constantemente brigava com o irmão quanto este era rude ou até cruel com sua mãe adotiva. Tão pequena e tão protetora.

Red respirou profundamente diversas vezes para se acalmar após fechar a última caixa no quarto de Sara. Tirou seu celular do bolso e verificou que já eram quase oito da noite e ainda não havia visitado Pearl.

Apenas pensar em sua princesa lhe acalentou o coração doído. Mandou uma mensagem de texto para sua amada avisando de sua ida ao Templo, então saiu de sua casa como entrou, pela porta da frente, tirou sua moto kawazaki de sua joia, em seguida montando e dando partida.

Chegando no Templo guardou sua moto e subiu as escadas até o deck da casa. Seu cansaço emocional já estava lhe abatendo mais do que percebera e estava difícil alcançar o topo da escadaria. Lentamente conseguiu vencer mais aquele obstáculo e abriu a porta da casa com familiaridade.

Red Diamond 3: RenascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora