Capítulo 8

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No fim da tarde, Red levou Ryan de volta ao palácio. O menino estava cheio de perguntas sobre Kalissa e, apesar da diamante ter suas suspeitas, ela lhe dizia que ainda iria descobrir qual era o problema.

À noite, como havia combinado, estava na área da fonte à espera de Kalissa, que apareceu pouco tempo depois no mesmo canto que a diamante a vira pela primeira vez.

Kalissa acenou lhe chamando e Red a seguiu por um emaranhado de túneis entre as tendas. Era assim que Kalissa sumia quando Red tentava alcançá-la! Aqueles caminhos eram novos para a diamante, o que deixava a situação mais intrigante e diferente.

Quando saíram dos túneis secretos, Red e Kalissa estavam do outro lado da cidade, numa área que a diamante sabia ser daqueles que não possuíam famílias e foram expulsos de seus clãs, mas ao mesmo tempo não se juntavam aos Duraguians. Aquela parte da cidade era dos excluídos dos excluídos.

Red achou melhor mudar um pouco a sua aparência para não alarmar ninguém, então diminuiu os chifres e fez sua cauda sumir projetando um sobretudo sem mangas com capuz por sobre as roupas. Aquilo não iria impedir que a reconhecessem, mas iria prevenir que a diamante chamasse atenção desnecessária, principalmente para Kalissa.

Kalissa pareceu aprovar a discrição da diamante, mesmo que fosse difícil perceber com apenas seus olhos à mostra. Ela guiou Red por entre algumas tendas até chegar em uma pequena, a menor que a diamante já vira, e entrar.

Red puxou o pano da abertura para o lado e se abaixou para não rasgar nem desmontar nada ao entrar no pequeno espaço que a tenda protegia. De um lado havia um caldeirão pequeno de barro laranja sobre as cinzas do que já fora uma fogueira, que mais parecia uma mini-panela sobre um monte de sujeira. Do outro, algumas cobertas esticadas no chão faziam o que parecia ser uma imitação de cama, muito fina e dura.

Quando Red parou de olhar o ambiente e se voltou para Kalissa, esta havia retirado os panos que lhe cobriam a cabeça e a diamante pode confirmar as suas suspeitas sobre qual era a sua espécie.

RED: Você é uma hayppi, não é? — perguntou para ter certeza, afinal fazia séculos que não via um deles pessoalmente e haviam se recusado a ter um representante no conselho, ao menos fora o que Akron lhe dissera, o que lhe fazia pensar que talvez fosse melhor tentar conversar com eles novamente.

KALISSA: Sim, sou uma hayppi, minha Soberana. Isso é um problema?

RED: Problema? — perguntou confusa. — Por que seria um problema?

Kalissa não disse nada e se sentou sobre os panos que faziam vez de cama, então passou a desamarrar e a soltar a tiras de tecido que compunham sua túnica.

RED: Espere Kalissa — disse e a hayppi congelou seus movimentos. Red ajoelhou à sua frente e lhe tomou o rosto nas mãos com delicadeza. — Eu não vim aqui para isso. Só quero conversar com você.

KALISSA: Sei que não sou digna de minha Soberana, mas...

RED: Pare por ai, porque não estou falando disso — disse em um tom firme. — Você é linda. E sinceramente, adoraria me deitar com você, mas... eu tenho assuntos mal resolvidos com alguém que amo, não posso fazer isso com ela.

KALISSA: Entendo, minha Soberana — disse com um sorriso triste. — Mas então o que deseja de minha pessoa?

RED: Eu já disse — riu levemente acariciando a bochecha machucada de Kalissa de forma leve para que a hayppi não sentisse dor com o toque. — Quero falar com você. Entender a sua vida e, principalmente, o que ou quem a torna difícil.

KALISSA: Minha Soberana, não há porquê se preocupar com alguém como eu. Essa é minha sina.

RED: Kalissa, conheço seu povo e parte de suas tradições. Sei bem o que você é para o seu povo e sei também o que você é de verdade. Então entenda que eu a vejo como Kalissa, uma pessoa que merece ser ouvida. Se você preza tanto o que sua Soberana quer, então não me negue isso.

Red Diamond 3: RenascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora