Capítulo 66: Forrest Gump é Mato
Forrest Gump é mato. Pode parecer uma frase estranha, mas, pra mim, ela faz todo sentido. O cara, mesmo sem querer, viveu a vida dele de uma forma que muitos sonham, mesmo sem ter noção do que estava fazendo. O maluco não tinha frescura, não se preocupava em como o mundo o via. Ele só queria correr e viver o momento. É por isso que eu admiro o Forrest. No meio do caos, ele encontrou seu caminho.
Na quebrada, a gente aprende a correr também, mas não é da mesma forma que ele. A gente corre pra sobreviver, pra não ser pego na linha de frente. O moleque que nem sabe o que é um tênis da hora e já tá com a vida nas costas. Eu vejo isso em cada esquina. E se tem uma coisa que o Forrest fez, foi não deixar o que os outros pensavam entrar no seu caminho. Ele só queria correr.
Ele viveu tudo e todos, e a única coisa que parecia importar pra ele era o amor e a simplicidade da vida. Ele não teve medo de ser quem era. A vida dele foi um filme, enquanto nós aqui estamos vivendo em um documentário. E, de certa forma, isso me dá uma esperança estranha. A vida pode ser cheia de obstáculos, mas ainda assim, tem como dar um jeito.
Forrest Gump fez amizade com o que tinha ao redor. Ele viu o mundo sem as barreiras que a sociedade coloca. Ele não sabia o que era racismo, classe social, desigualdade. Ele só queria estar ali, presente, no momento. Isso faz a gente pensar: o que estamos perdendo quando ficamos tão presos em rótulos e aparências? O que estamos deixando de lado quando esquecemos de viver?
Na quebrada, eu vejo que a luta é diária, mas será que não estamos deixando de ver o lado bom das coisas? Será que a vida não pode ser, mesmo que por um instante, leve como um passeio no parque? Forrest nos ensina que, mesmo nas piores circunstâncias, dá pra ter um sorriso no rosto e correr na direção dos nossos sonhos.
Talvez, no fundo, ser mato seja isso: crescer onde não se espera, se adaptar e encontrar a beleza no meio do caos. Como um pé de capim brotando no asfalto, eu sigo em frente, mesmo sem saber se vou alcançar a linha de chegada. E, assim, vou vivendo como se fosse um filme, buscando ser mais que apenas mais um, tentando fazer minha história ter sentido, mesmo que, no fim das contas, eu me sinta perdido. E isso é ser mato: persistir e florescer, não importa o que aconteça.
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Negro DRAMA
Historical Fiction"O Peso do Silêncio" é um romance visceral que mergulha nas profundezas da vida na periferia, inspirado no icônico "Negro Drama" dos Racionais MC's. A história acompanha Gabriel, um jovem negro que luta contra o sistema opressor que já o condenou de...