Gabriel:A vida na favela é um jogo arriscado, onde o valor das coisas não se mede apenas em dinheiro, mas em histórias e escolhas. “Ora, nessa história vejo dólar e vários quilates,” eu pensava, enquanto caminhava pelas ruas pavimentadas com sonhos e decepções. Cada esquina guardava segredos, e em cada olhar, havia uma história esperando para ser contada.
O brilho do dólar atraía olhares, e muitos se deixavam seduzir por ele. O tráfico era a fonte de riqueza para alguns, uma miragem que prometia liberdade, mas que, na verdade, aprisionava em correntes invisíveis. “Aqui, o preço das escolhas é alto,” eu dizia para mim mesmo, lembrando dos amigos que perderam o caminho, cegos pela ambição e pelo brilho do dinheiro fácil.
Enquanto isso, eu via aqueles que lutavam honestamente. O Seu Nestor, que vendia pão na esquina, levantava-se antes do sol, trabalhando duro para sustentar a família. Ele me disse uma vez: “Gabriel, o verdadeiro quilate não tá no que você tem, mas no que você constrói com seu suor.” Suas palavras reverberaram em mim. Ele sabia que a riqueza verdadeira não estava no que reluz, mas no legado que deixamos.
“Os verdadeiros diamantes estão nas histórias de superação,” eu pensava, observando a vida ao meu redor. A favela era rica em cultura, em talentos escondidos que esperavam a chance de brilhar. Havia música nas ruas, arte nas paredes e esperança nos olhos de cada um que sonhava em sair daquela realidade.
Naquele dia, decidi que era hora de trazer essas histórias à tona. “Vou escrever sobre o que vejo, sobre o que sinto,” eu disse para Ana, que estava ao meu lado. “Não posso permitir que as vozes da favela se calem diante do brilho do dinheiro. Nossas vidas valem mais do que qualquer nota de dólar.”
“Vão ouvir a nossa história,” Ana respondeu, encorajando-me. “Vamos mostrar que a riqueza da favela está nas nossas memórias e nas nossas lutas. E se tem alguém que sabe disso, somos nós.” Com isso em mente, comecei a rascunhar o poema.
“Na quebrada, vejo dólar, vejo quilates,
Mas a verdadeira riqueza é feita de amores e debates.
Enquanto uns buscam fama e fortuna,
Eu busco a verdade, a luz da luna.”Os versos brotavam com intensidade, refletindo a dualidade que existia ao meu redor. Eu lembrava dos que, como eu, lutavam para se afastar do caminho sombrio que o dinheiro fácil prometia. Cada história de resistência se tornava um verso, e eu sabia que, através da poesia, eu poderia dar voz àqueles que não tinham como se expressar.
“Se há dólar, há também lágrimas,
Na jornada dos que buscam suas almas.
Os que vivem com fé, em busca de justiça,
Não são meras cifras, são a nossa delícia.”Enquanto escrevia, me lembrei do sorriso de Mãe Joana, que sempre dizia: “O que vale é o amor, o que vale é a união.” E assim, entre os risos e as lutas, percebi que o verdadeiro valor está nas conexões que formamos. Os quilates que brilhavam não eram joias, mas amizades, solidariedade e coragem.
Naquele momento, eu me senti parte de algo maior. A favela era minha, e eu era um poeta, um contador de histórias. “Ora, nessa história vejo dólar e vários quilates, mas não sou cego a ponto de perder a visão do que realmente importa,” eu declarei, com a certeza de que a verdadeira riqueza é aquela que vem do coração.
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Negro DRAMA
Ficción histórica"O Peso do Silêncio" é um romance visceral que mergulha nas profundezas da vida na periferia, inspirado no icônico "Negro Drama" dos Racionais MC's. A história acompanha Gabriel, um jovem negro que luta contra o sistema opressor que já o condenou de...