Problema Com Escola Eu tenho Mil, Mil fita

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Capítulo 90: Problema Com Escola Eu Tenho Mil, Mil Fita

"Problema com escola eu tenho mil, mil fita." Essas palavras saíam da minha boca com um peso que carregava a realidade de muitos que, como eu, vivem a luta de crescer em meio a um sistema que não nos favorece. Cada dia na escola era como um jogo de xadrez, onde eu precisava estar sempre alerta, sempre pensando em cada movimento.

As paredes da sala de aula eram testemunhas silenciosas das minhas batalhas. Não se tratava apenas de passar nas provas ou de tirar boas notas; era sobre ser reconhecido, ser visto e, principalmente, ser respeitado. A realidade da favela não se encerrava na porta da escola. Os desafios estavam sempre lá, prontos para me lembrar de onde eu vinha e de tudo que ainda tinha que enfrentar.

Os professores, às vezes, não entendiam. Para eles, eu era só mais um aluno, mas para mim, a escola era um campo de batalha. Entre a pressão para se encaixar e as expectativas que a sociedade colocava sobre mim, eu precisava me desdobrar. Havia dias em que me sentia como um artista, um personagem em uma peça que não escolhi atuar.

Mil fitas, mil histórias. Cada fita representava uma luta: a da minha mãe para pagar a mensalidade, a do meu amigo que não tinha material escolar, a do irmão que enfrentava problemas com a polícia. Cada fita era um lembrete do quanto a escola podia ser cruel e, ao mesmo tempo, um espaço de esperança. Ali, entre as aulas e os corredores, também havia sonhos e aspirações.

Mas as dificuldades eram tantas. O bullying era um espectro que rondava a cada esquina, cada risada nas costas, cada olhar de desprezo. Era um teste constante da minha resiliência. Eu via meus amigos se afastarem, perdendo a vontade de estudar, jogando suas esperanças pela janela. E eu, mesmo tentando manter a cabeça erguida, sentia a pressão crescendo.

“Por que eu deveria me esforçar se tudo parece tão difícil?” Essa pergunta ecoava em minha mente. Mas eu sabia que desistir não era uma opção. A educação era a chave para abrir portas, e, mesmo com todos os problemas, eu não poderia deixar que isso me derrubasse. Eu queria ser o exemplo de que a história da favela não é só tragédia, mas também superação.

As conversas com os colegas nas horas do intervalo eram uma mistura de risos e desabafos. Falávamos sobre as dificuldades, os sonhos, e a realidade que nos cercava. Ali, eu percebia que não estava sozinho nessa luta. Cada um tinha sua própria fita, suas próprias dores e esperanças.

Enquanto isso, a escola continuava a me testar. Em meio a notas baixas e a sensação de que o mundo estava desmoronando, eu decidia me manter firme. Eu era mais do que as expectativas que outros tinham sobre mim. Eu queria ser um exemplo, não só para mim, mas para todos que sonhavam em um dia sair daquela realidade.

"Problema com escola eu tenho mil, mil fita", mas também tinha mil razões para não desistir. A cada dia que passava, eu reforçava minha determinação. Sabia que, no fundo, cada desafio era uma chance de aprender, de crescer e de lutar pelo que era meu. A batalha era dura, mas a vitória seria ainda mais doce.

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