Vou Contar a Minha - Daria Um Filme

1 0 0
                                    

Capítulo 68: Vou Contar a Minha História

Era uma noite quente na quebrada, e a lua mal conseguia iluminar as vielas escuras. O cheiro de comida fritando e o barulho das risadas ecoavam pelas ruas. Era ali que eu me sentia vivo, onde as histórias se entrelaçavam como as raízes das árvores que crescem no meio do cimento. Mas, por trás da euforia, havia um silêncio ensurdecedor que se instalava em mim.

Enquanto observava a vida pulsar ao meu redor, percebi que cada pessoa que passava era um capítulo de uma narrativa maior. O seu Zé, com seu jeito de falar manso, sempre tinha uma história pra contar, e, mesmo que eu não conhecesse todos os detalhes, sabia que cada palavra vinha carregada de experiência. Ele era o tipo de cara que havia visto de tudo: alegrias, tristezas, vitórias e derrotas.

Mas o que realmente me fazia pensar era como, por trás de cada rosto, havia um universo inteiro de histórias não contadas. E a minha? A minha estava ali, quietinha, esperando a hora de ser revelada. Era uma história como muitas, cheia de altos e baixos, sonhos e desilusões. Uma história que, assim como a de todos na quebrada, merecia ser ouvida.

E enquanto a noite avançava, me vi refletindo sobre as minhas próprias lutas e conquistas. Momentos que moldaram quem eu sou, que me ensinaram a ter esperança em meio ao caos. Mas não era o momento de desabafar. Era hora de observar, de sentir a energia ao meu redor. Porque, em algum momento, eu teria que contar a minha história, mas hoje era sobre as histórias que estavam vivas naquelas ruas, aquelas que dançavam nas sombras e se entrelaçavam com a luz da lua.

Como muitos aqui, eu tinha uma história para contar. Mas essa narrativa ainda estava se formando, como um artista moldando uma escultura de barro. O passado e o presente se uniam em um só, criando a base do que viria a ser. Era como um fio invisível ligando todos nós, e cada um tinha sua versão, sua perspectiva.

E assim, naquela noite quente, eu sabia que um dia contaria a minha história. Mas, por enquanto, era hora de viver, de ouvir e de aprender com as histórias que passavam diante dos meus olhos. Porque cada passo, cada palavra, cada gesto estava me preparando para o momento em que finalmente teria coragem de abrir meu coração e compartilhar tudo o que carregava dentro de mim.

Negro DRAMAOnde histórias criam vida. Descubra agora