Esse Não É Mais Seu, Oh Subiu

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Capítulo 64: Esse Não É Mais Seu, Oh, Subiu

Gabriel olhou em volta e sentiu o peso das mudanças. O brilho das luzes da cidade agora o cercava, mas a essência de sua origem ainda pulsava forte em seu coração. Ele subira um degrau na vida, mas sabia que a escada não tinha acabado. Para ele, a vitória não era apenas pessoal; era coletiva, um grito de liberdade para todos que o acompanhavam.

As ruas que um dia foram seu lar, agora o viam de um jeito diferente. Ele não era mais só um moleque da quebrada; ele era a voz de um povo, um símbolo de resistência. A fama que ele conquistara era um prêmio pela luta, mas também uma responsabilidade. Ele sabia que cada palavra sua carregava o peso de muitos que não tinham a mesma plataforma.

Mas nem tudo era fácil. Os olhares de alguns se tornavam pesados, e os comentários nas redes sociais eram uma mistura de admiração e raiva. “Esse não é mais seu, oh, subiu”, diziam os que não entendiam sua jornada. Ele ria por fora, mas a verdade é que essa frase ressoava dentro dele como um eco. Era um lembrete de que a sociedade muitas vezes tenta deslegitimar o sucesso de quem vem de baixo.

Gabriel sempre acreditou que o sucesso não é uma linha reta, mas um caminho cheio de bifurcações e desafios. Ele usava cada crítica como combustível. As mensagens de apoio e os gritos de ódio eram peças de um quebra-cabeça que ele montava todos os dias. O que importava para ele era a conexão com sua comunidade e o compromisso de levar suas histórias adiante.

Certa vez, num evento em uma escola pública, ele se deparou com uma sala cheia de jovens sonhadores. Ao olhar nos olhos deles, percebeu que eram reflexos de quem ele fora um dia. E foi nesse momento que ele fez questão de falar a verdade: “Mó pressão, tá ligado? Mas eu sou a prova de que, se a gente se unir e acreditar, ninguém consegue nos derrubar.”

As crianças ali o ouviam como se ele fosse um guru, mas ele era só um garoto que não esqueceu de onde veio. Ele sabia que havia um longo caminho pela frente, mas a luz que brilhava nos olhos daquelas crianças o motivava. Elas não precisavam ser como ele; precisavam encontrar seu próprio caminho, e ele estava ali para lembrá-las de que eram capazes.

“Esse não é mais seu, oh, subiu”, ecoava na mente de Gabriel. Mas, ao invés de se deixar levar pela negatividade, ele decidiu transformar essa frase em algo positivo. Ele subira, sim, mas não esqueceria nunca a quebrada, sua gente e a luta que o moldou. Ele era um representante, um guerreiro, e a luta só estava começando.

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