Sente o Negro Drama, Vai, Tenta Ser Feliz

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Capítulo 70: Sente o Negro Drama, Vai, Tenta Ser Feliz

Gabriel respirou fundo, sentindo o peso da história que carregava em seus ombros. O clima na exposição era intenso; risos e batidas de música se misturavam ao cheiro de comida da feira, criando um ambiente acolhedor e vibrante. Mas por trás da felicidade aparente, ele sabia que cada um ali tinha sua própria batalha para enfrentar, um drama que não podia ser ignorado.

“Sente o negro drama, vai, tenta ser feliz”, ele repetiu para si mesmo, as palavras soando como um mantra. Essa era a luta constante, a dualidade da vida na favela: a busca pela felicidade em meio ao sofrimento. Gabriel olhou ao redor e viu Ana Beatriz interagindo com outros jovens, seus olhos brilhando com a empolgação do momento. Ele se lembrou de como, no passado, ela havia sido uma das que o menosprezava. Agora, ali estava ela, entre sorrisos e abraços, como se realmente tivesse se libertado de suas próprias amarras.

“Talvez todos nós tenhamos que lutar nossas batalhas internas”, pensou Gabriel, enquanto observava Ana. Ela estava mais próxima dele agora, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. A conexão entre os dois parecia ter mudado, como se a experiência daquela noite tivesse aberto um novo capítulo em suas vidas.

“Ei, Gabriel, essa exposição é realmente incrível. Você fez tudo isso acontecer”, disse Ana, sua voz cheia de sinceridade. “Eu nunca pensei que fosse ver tantas pessoas da nossa comunidade se unindo assim.”

“É isso que a gente precisa, Ana. Mostrar que somos mais do que eles pensam. Que temos histórias e que somos artistas também”, ele respondeu, sentindo uma onda de orgulho crescer dentro dele. Ele queria que Ana entendesse que, apesar dos desafios, a felicidade era uma escolha — uma luta diária contra o que a sociedade esperava dele e de todos que cresceram na favela.

“Eu sempre soube que você tinha um dom, mas hoje é diferente. Você realmente me faz querer ser melhor”, Ana continuou, com um olhar que refletia admiração. Isso fez o coração de Gabriel acelerar; era um reconhecimento que ele sempre desejou, mas que nunca esperou vir dela.

Ele sorriu, mas a felicidade não era completa. Lembrava-se dos dias em que se sentia um estranho no próprio corpo, os olhares de desprezo e as piadas que ele tinha que suportar. O negro drama da sua vida e da vida dos seus, a luta constante entre a resistência e o desejo de ser feliz. Como era possível que, em meio a tanto sofrimento, ainda houvesse espaço para a alegria?

Enquanto caminhava entre as obras expostas, Gabriel refletiu sobre tudo o que havia passado. Desde o dia em que sonhou em ser um jogador de futebol até o momento em que decidiu que a música seria seu refúgio. Cada escolha, cada erro, cada acerto havia moldado quem ele era agora. A caminhada não tinha sido fácil, mas ele sempre acreditou que a arte poderia transformar a dor em beleza.

E ali, no meio daquela festa, enquanto os ritmos do rap ecoavam ao fundo e as vozes se misturavam em uma única canção, Gabriel sentiu uma nova determinação. Ele não ia deixar que a tristeza da vida na favela o definisse. “Eu vou viver. Eu vou sentir cada momento. E se a felicidade é uma luta, então eu vou lutar”, prometeu a si mesmo.

Ele se virou e viu Ana olhando para ele, seu olhar questionador. “O que você está pensando?”

“Sobre como a felicidade pode ser uma escolha, mesmo quando tudo parece desmoronar. O negro drama é real, mas eu quero dançar no meio disso. Eu quero ser feliz, Ana. E quero que você também seja”, ele disse, suas palavras impregnadas de esperança.

Ana sorriu, e por um instante, Gabriel viu um vislumbre da garota que havia zombado dele no passado. “Vamos tentar, então. Vamos sentir o drama e dançar no meio dele.”

A música subiu de volume, e eles se juntaram à multidão, deixando-se levar pelo ritmo. Era uma celebração da vida, uma declaração de resistência. Gabriel dançou, sentindo o peso do passado se dissipar, e com cada movimento, ele afirmava sua escolha: ser feliz, mesmo em meio ao negro drama.

A noite avançava, e as vozes da favela se misturavam em um coro de esperanças, sonhos e lutas. Gabriel sabia que essa era apenas uma parte de sua jornada, mas ele estava determinado a seguir em frente. Porque, apesar das dificuldades, a vida continuava, e a felicidade, mesmo que difícil, era uma luta pela qual valia a pena lutar.

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