Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias

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Gabriel:

Hoje, ao caminhar pelas ruas que um dia foram palco de tantas batalhas, sinto-me como um capitão que, após navegar por tempestades, finalmente chega a um porto seguro. Cada passo é uma celebração das vitórias conquistadas, das lutas enfrentadas e das lições aprendidas. Aqui, nas favelas onde cresci, não apenas sobrevivi; eu floresci. Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias, e minha história é um testemunho de resistência e força.

O sol brilha radiante sobre as casas coloridas, iluminando rostos que refletem esperança. Caminhando ao lado de Letícia e dos outros membros de “As Lâminas”, sinto a energia vibrante da nossa comunidade. As ruas estão repletas de vida, e a música ecoa pelos becos, criando um clima de celebração. Hoje, estamos aqui não apenas para nos lembrar do passado, mas para celebrar o presente e sonhar com o futuro.

Fizemos questão de organizar um evento em grande estilo para homenagear aqueles que lutaram e morreram pela nossa causa. As paredes da quadra de esportes estavam adornadas com fotos de amigos e familiares, cujas histórias de vida foram apagadas, mas nunca esquecidas. É um tributo à resistência, um chamado à ação e uma afirmação de que, apesar das dificuldades, estamos aqui, de pé e lutando.

O evento começou com a apresentação de grupos de dança da comunidade, cujos passos carregam a essência da nossa cultura. As crianças, com sorrisos largos e energia contagiante, dançavam como se o mundo fosse delas. Naquele momento, percebi que cada passo de dança era uma expressão de liberdade, um grito de que, apesar de tudo, estávamos vivos e prontos para celebrar nossas conquistas.

Em seguida, eu subi ao palco. O olhar de todos os presentes estava voltado para mim, e uma onda de emoção me envolveu. “Hoje, estamos aqui para celebrar não apenas nossas vitórias, mas também nossos trajetos. Cada um de vocês tem uma história que merece ser contada, e juntos, somos um exemplo de resistência!”, comecei, minha voz firme e clara.

Compartilhei com a multidão as dificuldades que enfrentei, as noites em claro pensando em como sustentar minha família, os amigos que perdi pelo caminho e os desafios que, muitas vezes, pareciam intransponíveis. Mas, acima de tudo, falei sobre as vitórias que conquistamos juntos. Cada ato de solidariedade, cada conquista na luta por justiça, cada momento em que nos unimos e dissemos “basta” às injustiças sociais.

A multidão respondia com gritos de apoio e aplausos, e a energia da sala se intensificava. “Vocês são a razão pela qual eu não desisto. Cada um de vocês é uma parte fundamental dessa história que estamos escrevendo. Juntos, mostramos ao mundo que somos mais do que a sociedade tenta nos rotular. Somos fortes, somos resilientes, e, acima de tudo, somos dignos!”

Depois do meu discurso, outros membros da comunidade subiram ao palco para compartilhar suas próprias histórias. Cada relato era uma inspiração, uma demonstração de que, mesmo diante da adversidade, podemos encontrar força. As vozes se entrelaçavam em uma sinfonia de experiências, onde o medo se transformava em coragem e a dor se transformava em poder.

À medida que a noite avançava, a música se intensificava. O DJ começou a tocar batidas que faziam todos dançarem, e as risadas se misturavam aos gritos de alegria. Era um momento de libertação, onde a vida pulsava intensamente. Senti que cada passo de dança era uma vitória, uma afirmação de que não seríamos definidos pelo que a sociedade pensava de nós.

Enquanto dançava com Letícia, olhei em seus olhos e vi a determinação que a movia. Ela, assim como eu, era um exemplo de resistência. Juntos, éramos a voz de muitos que não podiam se manifestar. Nossa união representava a força da comunidade, um laço indestrutível que se formava em meio ao caos.

À medida que a festa chegava ao fim, olhei para todos ao meu redor. Eram pessoas que, apesar das dificuldades, estavam ali, unidas e determinadas a mudar suas realidades. E, naquela noite, decidi que cada passo que eu desse daqui para frente seria em direção à mudança. Não éramos apenas sobreviventes; éramos guerreiros, prontos para conquistar nossos sonhos e deixar um legado para as próximas gerações.

“Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias!”, gritei, levantando as mãos em um gesto de celebração. E, naquele momento, sabia que nossa luta estava apenas começando.

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