Hei, São Paulo, Terra de Arranha-Céu

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Capítulo 73: Hei, São Paulo, Terra de Arranha-Céu

São Paulo. Uma cidade que se ergue como um gigante de concreto e aço, seus arranha-céus cortando o céu como se quisessem tocar as estrelas. Uma metrópole pulsante, cheia de vida, mas também repleta de sombras. Aqui, o sonho e o pesadelo caminham de mãos dadas, e eu sou apenas mais um filho da periferia tentando fazer sentido em meio ao caos.

Caminhando pelas ruas, me perdi entre o barulho ensurdecedor dos carros e as vozes apressadas das pessoas que cruzavam meu caminho. Cada uma delas tinha um destino, uma história, mas, na maioria das vezes, tudo o que se via era a pressa e a indiferença. “Ei, São Paulo, você já parou para pensar em quem vive embaixo de seus arranha-céus?” pensei, lembrando da minha mãe e de como ela costumava dizer que a cidade não via o que estava sob sua sombra.

Nos bairros nobres, a ostentação era evidente. Carros luxuosos, lojas de grife, gente bem vestida, mas, à medida que me afastava da elite, a realidade se tornava cada vez mais dura. A desigualdade era uma ferida exposta, uma cicatriz que a cidade parecia ignorar. Enquanto uns viviam no luxo, outros lutavam para sobreviver, e eu conhecia essa luta bem de perto.

Lembrei-me da última vez que visitei a Avenida Paulista. As luzes brilhantes e a vida noturna me encantaram, mas, no fundo, eu sabia que tudo aquilo era apenas uma fachada. “A cidade não é só isso”, dizia minha mãe. “Ela guarda segredos, dores e histórias que precisam ser contadas.” E, em cada esquina, havia um eco daquela verdade.

Parei em um mirante, observando a vastidão da cidade, e a imagem de São Paulo se desdobrava diante de mim. “Você é linda, mas ao mesmo tempo, é cruel”, murmurei. A brisa leve me trouxe uma sensação de nostalgia, lembrando de todas as vezes que sonhei em ser parte daquele mundo. “Um dia, eu também vou estar lá em cima, como aqueles que olham para baixo”, prometi a mim mesmo.

Mas a verdade é que, mesmo sonhando em ser alguém, eu sabia que havia um preço a pagar. A cidade não perdoa os fracos. Cada passo em direção ao sucesso pode custar a dignidade, a essência e, em alguns casos, a vida. Eu vi isso acontecer com amigos que se perderam em busca de uma saída. O crime e a violência eram tentadores, como uma ponte para um futuro que parecia mais brilhante, mas que, na realidade, era um beco sem saída.

“Oi, São Paulo, você me abraça, mas só me deixa em pé na borda do abismo”, refleti, observando as luzes se acenderem enquanto a noite caía. A cidade tinha sua própria energia, mas essa energia era feita de sonhos despedaçados e promessas vazias. E mesmo quando as pessoas olhavam para mim, eu via o desprezo em seus olhares, como se eu fosse apenas mais um a passar sem deixar rastro.

Então, enquanto observava a cidade lá de cima, decidi que, mesmo sendo só um jovem da periferia, eu também tinha o direito de sonhar. Não apenas de sonhar em subir os degraus da vida, mas de lutar para fazer a diferença. Para que, no final das contas, o que fosse contado sobre mim fosse muito mais do que apenas um nome entre muitos.

Eu era Gabriel, e minha história era tão válida quanto qualquer outra. E, assim, com cada passo que eu dava, prometi a mim mesmo que não me deixaria abater pela sombra da cidade. Porque, ao contrário do que muitos pensavam, eu era parte de São Paulo, e isso significava que a cidade também carregava um pouco da minha essência.

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