De Vergonha Eu Não Morri, Tô Firmão, Eis-me Aqui

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: De Vergonha Eu Não Morri, Tô Firmão, Eis-me Aqui

Gabriel olhou ao redor e percebeu que o público estava completamente imerso na energia do evento. O calor da plateia fazia seu coração disparar. Ele estava ali, diante de todos, e sentia que cada palavra que saía de sua boca era um grito de resistência, um testemunho de sua jornada.

“De vergonha eu não morri, tô firmão, eis-me aqui!” ele exclamou, com a voz firme e cheia de emoção. Essa frase era mais do que um simples bordão; era um manifesto, um lembrete de que a vida, com todas suas dificuldades e desafios, não poderia e não o derrubaria. Ele era um sobrevivente, e sua força vinha da própria essência da favela, da cultura que o moldou.

Enquanto falava, lembrava-se das vezes em que se sentiu pequeno, desmerecido, como se o mundo estivesse contra ele. Mas aquelas lembranças não o envergonhavam mais. Ao contrário, elas o alimentavam, o impulsionavam a lutar ainda mais. Ele se lembrava das palavras duras que algumas pessoas disseram, de como tentaram rebaixá-lo e desmerecer sua história. Mas Gabriel estava ali para mostrar que tudo aquilo só serviu para reforçar sua determinação.

“Eu sou a voz de quem não pode falar, o sonho de quem não pôde sonhar, e a esperança de quem achava que não existia mais!” A plateia respondeu com aplausos estrondosos, como se cada batida de suas mãos fosse uma afirmação de que a luta deles não era em vão.

Ele viu Ana Beatriz na multidão, seu olhar intenso fixo nele. A mesma garota que um dia riu dele, agora estava ali, encantada. Era uma ironia da vida. Gabriel nunca deixou que o passado o definisse, e agora ele tinha a chance de reescrever a história. “Cê disse que eu não ia chegar lá, né? Pois é, olha eu aqui!” Ele sorriu, não por arrogância, mas por um reconhecimento de tudo que superou.

A música começou a tocar, e Gabriel sentiu a batida pulsando em seu corpo. Ele cantava não só por si mesmo, mas por todos os manos e minas da favela. Cada verso era uma flecha disparada contra a opressão, uma demonstração de que, apesar das dificuldades, a voz deles era forte e necessária.

A noite avançava, e o evento ganhava vida própria. Ele dançava com a plateia, e a conexão entre eles era palpável. As histórias de vida, as dores e as alegrias se entrelaçavam naquele espaço. Aqueles momentos eram um lembrete de que a favela era um lugar de luta, mas também de alegria, de música e de união.

Gabriel olhou para o céu, sentindo a brisa leve. “Eis-me aqui, firme e forte! Isso é só o começo!” Sua voz ecoava, e ele sabia que, independentemente do que acontecesse a seguir, estava construindo um legado. A favela não era apenas um lugar no mapa; era um símbolo de resistência e de esperança.

Ele continuou sua apresentação, levando todos a dançar e a celebrar a vida. Afinal, eles não estavam apenas sobrevivendo, mas vivendo. “De vergonha eu não morri, tô firmão, eis-me aqui!” O grito de Gabriel ecoou por toda a comunidade, ressoando como um chamado à resistência e à força que todos carregavam dentro de si.

A noite terminou com aplausos e risos, mas a história de Gabriel e da favela estava apenas começando. Eles eram a voz do gueto, e juntos, dariam vida a sonhos que um dia pareciam impossíveis.

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