Capítulo 1: Paula

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— Eu te amo, Paula.

— Você o quê? — ela tossiu, engasgando-se com o gole de whisky.

Constrangido com a reação dela, Rony sorriu, sem graça.

— Eu disse que você está muito linda.

Sim, Paula estava. Paula era. Podia gabar-se disso, apesar de optar sempre pela falsa modéstia. Cabelos longos e negros, presos em um rabo de cavalo; mais alta que a média, ostentando seus um e setenta; pele levemente bronzeada, e olhos castanhos, que combinavam sua sedução do olhar com seu sorriso divertido característico. Aliás, "divertida" era um ótimo adjetivo para Paula.

— Desculpa, a música está muito alta! — ela gritou com seu irresistível sorriso no rosto. — Adoro esse D.J!

— É, ele é muito bom...

Rony sentia-se um derrotado, apesar de saber que tirara sorte grande em sair com aquela mulher. Não cansava de admirá-la em sua regata branca estampada, deixando propositalmente à mostra seu sutiã vinho. Que corpo ela tinha! Como aquele jeans obtinha um formato divino nos relevos e curvas de Paula... Seu corpo sob aquele jogo de luzes parecia ainda mais surreal, movendo-se em câmera lenta. Mas aquela mulher maravilhosa, mesmo estando ali, não era sua. E fora estúpido o suficiente para dizer que a amava e ser ignorado como resposta. Como fora burro! Não era o primeiro encontro e ele havia bebido além da conta, mas dizer que amava tão cedo era um tiro no pé, que ricocheteara e acertava seu peito.

— Dança comigo, você está muito morto! — disse ela movendo-se ao sabor da música eletrônica. — Isso aqui não é o baile do The Walking Dead!

Ele riu. Ela sempre o fazia rir. Tentou mover-se um pouco mais para agradá-la. Rony não era feio. Tinha porte atlético bem distribuído em um metro e noventa; cabelos crespos bem curtos, queixo quadrado. Era tímido, mas intimidava quem não o conhecesse.

— Nossa, agora você parece o Frankenstein com epilepsia — ela riu imitando-o.

Apesar de mais uma vez constrangido, ele riu também. Paula era bastante performática. Cada coisa que falava era bem teatral, casava com os movimentos do corpo, alguns propositalmente caricatos, engraçados, outros bem libertinos e provocantes.

Ele estava completamente apaixonado!

— Então, grandão, vai dar certo? — ela perguntou aproximando-se do ouvido dele.

— Ah, vai sim, com certeza!

— Posso avisar ela então?

— Pode. Mas que fique entre nós, Paula! Não abro exceções nem pra parentes próximos. Só vou deixar porque você me pediu.

— Que fofinho sendo gentil — ela apertou as bochechas dele, como se faz com um bebê.

— Mas sério, Paula, eu posso perder meu emprego.

— Eis o meu seguro-desemprego — estendeu os braços ao redor do pescoço dele e o beijou, pela primeira vez em três encontros.

Quando ela se afastou, mordendo o lábio inferior e sorrindo, ele estava exultante de felicidade:

— Paula, eu... Eu te...

— Posso ir ao banheiro rapidinho? — fez um gesto com a mão indicando pouco tempo, em seguida deu um tapinha no peito dele, com um sorriso maroto: — Não saia daí, hein, safadinho?

E sem aguardar resposta, adentrou a multidão, em direção aos banheiros; mas ao invés de entrar, deu a volta e desceu as escadas para o piso térreo da boate, ambiente mais tranquilo, com mesas e cadeiras.

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