Capítulo 88: Coitadinha

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Pâmela estava sentada na beirada da cama, acariciando os cabelos de Nayuri com delicadeza, como se acalentasse uma criança. Os olhos da jovem outrora tão feliz agora eram vazios. Falava de forma monossilábica apenas. Mais uma vez reforçou o que já vinha falando há vários minutos:

— Minha menina, eu sei o quanto dói, eu realmente entendo, mas entende que tem de voltar à ativa, não é? Para o seu bem. Eu acreditei em você quando votei para fazer parte do Clube. Já faz três semanas que não cumpre nenhum desafio. Não quero ser desagradável e ameaçá-la, não depois do que passou, mas...

Os passos de salto alto fizeram MILF interromper a fala. Ao ver quem se aproximava, seu instinto protetor aflorou:

— O que faz aqui, Sara?

Nayuri imediatamente reagiu, como um animal que após muito apanhar revê seu algoz. Pôs-se na defensiva, com a raiva começando a borbulhar em seu ser.

— Quero ficar a sós com ela — Sara disse em pé diante da cama.

— Olhe o estado dela, Sara. Você...

— Por favor, Pâmela, eu insisto.

MILF olhou para Devassa tentando ler suas intenções. Tudo o que conseguia captar era a firmeza e superioridade que ela imprimia em sua voz. Estava decidida. Olhou para Nayuri, que estava confusa, acuada. Levantou-se da cama, encarando Sara mais uma vez antes de se dirigir à escadaria.

Agora eram só as duas. O olhar de Japa transitava entre medo e ódio.

— Quer ver sua gata novamente?

O rosto de Nayuri se transformou. Arregalou os olhos. Tentava processar a informação. Ela se referia a revê-la em outro mundo?

— Como... como assim?

— Sua gata está viva.

— Yoko? Yoko está viva? — alterou a voz, em euforia, confusa sobre que sentimentos devia expressar. — Mas...

— Você comeu sopa de algum outro animal. Mas nenhum de estimação. Acha mesmo que eu seria capaz de matar uma gata?

A confusão de sentimentos em Japa tornou-se uma tempestade. Felicidade, euforia, ódio por ter acreditado na mentira, medo de que fosse uma mentira apenas para magoá-la ainda mais. As lágrimas encheram-lhe os olhos, a vontade de chorar copiosamente.

— Sério que vai chorar? Não seja patética! — sentou-se na beira da cama, ficando bem próxima a Nayuri. — Olhe pra mim! — segurou o queixo dela com a mão, sem nenhuma delicadeza. — Vai ser a coitadinha até quando, garota? Olha só pra você! Acha legal sentirem pena de você? Pois o que eu sinto é nojo! Fico enojada com quem se vitimiza! O Clube não é um orfanato ou centro de atenção aos carentes. Estamos aqui servindo a poderosos! E eles não vão ter paciência com esse seu draminha por muito tempo.

— Você não me conhece, não conhece minha hist...

— Foda-se a sua história! Você não entende? Só vai viver sua vida quando deixar de depender dos outros. Ache uma razão para viver e agarre-se a ela. Caso contrário, corte os pulsos! Não seja a porra da presa, seja a predadora! Não deixe ninguém te tratar como eu trato você, garota! — levantou-se da cama, cruzando os braços.

Nayuri ergueu o queixo, encarou Devassa sem medo.

— Eu quero minha gata. Ou eu mato você com minhas próprias mãos.

Sara sorriu. Um sorriso orgulhoso.

— Exatamente. É disso que estou falando — deu as costas, andando em direção à escadaria. Parou no meio do caminho. — Hoje mesmo deixo a gorda da sua gata. Não aguento mais limpar a sujeira dela. Mas só pra você saber, ela gostou de mim — desceu as escadas.

Nayuri, pela primeira vez em três semanas, riu, chorando de felicidade.


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Quem concorda com a Sara?

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