Capítulo 114: Parceria

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Valentina havia dado várias voltas no quarteirão para se certificar de que não estava sendo seguida. E esperara por horas dentro de seu carro até ver Ludo entrar na casa dele. Ficou mais alguns minutos ali, revisando seu plano, torcendo para não falar demais e envolver o amigo de Paula como fizera com Ray. No celular havia várias ligações de Ruy, seu cunhado, pra quem havia dito que Ray estava viajando com ela. Não podia arriscar que ele envolvesse a polícia e ela tivesse de ser interrogada por ter sido vista no apartamento dele na noite em que ele desaparecera. Na certa Ruy tentava falar com o irmão e não conseguia, por isso ligava para ela.

Andou até a porta da casa e tocou a campainha. Ludovico abriu a porta e arqueou as sobrancelhas.

— Sansa?

Valentina riu. Desta vez não usava trajes medievais, e sim um shortinho jeans com uma camiseta.

— Meu nome é Valentina — apresentou-se estendendo a mão com um sorriso. No primeiro encontro dos dois, após a transa ela escapara da casa sem que ele visse, deixando-o apenas eternamente agradecido a Paula.

— Ludovico. Mas pode me chamar de Ludo — apertou a mão dela. — Entre — abriu espaço.

Valentina entrou e ele fechou a porta. Estava nervoso, encabulado e confuso. Ela havia se divertido ao interpretar a personagem da série, mas desta vez estava sem jeito também.

— Preciso da sua ajuda, Ludo.

— No que for preciso! Sente-se — apontou para o sofá. — Pode ser ali também, se preferir — apontou para a réplica do trono de ferro.

Ela se sentou no sofá e ele na poltrona perpendicular.

— Eu sou amiga da Paula — ela começou, escolhendo bem as palavras.

— Imaginei — ele sorriu. Esfregava as mãos escondidas entre os joelhos. Tinha dificuldades de olhá-la nos olhos.

— Eu queria pedir um favor. Preciso que fale algo pessoalmente para ela. Não por telefone. Pessoalmente.

— Certo — ele ouvia atentamente, tão curioso quanto interessado.

— Como percebeu, sou atriz. Eu atuei bem?

— Muito bem! — ele enrubesceu lembrando-se do sexo entre os dois. Baixou os olhos.

Ninfeta Ruiva riu.

— Não pensou que eu era uma... prostituta, pensou?

Ludo ficou ainda mais vermelho. Principalmente porque era péssimo em mentir. Paula não quisera dizer quem era a misteriosa Sansa Stark, mas ele deduzira que havia se tratado de uma acompanhante.

— Claro que... Que não...

— Eu pensaria o mesmo, relaxa. Bem, briguei com ela, com a Paula, e... Estamos meio distantes. Mas ela sempre foi muito boa em dar ideias, e estou precisando dela pra me dar uma mão num roteiro que estou escrevendo.

— Você também é roteirista? — impressionou-se ele.

— Sim — mentiu. — E como eu disse, depois do nosso desentendimento eu empaquei. Não sei pra onde ir. Estou sem ideias, entende? E sempre, sempre que eu fico sem ideias é ela quem me ajuda.

— Entendi! Sobre o que é o roteiro?

— Sobre uma garota que se mete com um bandido político. Ele quer que ela faça algo por ele e pra forçar ela a fazer isso, sequestra o namorado dela.

— Interessante.

— Pois é. Eu parei por aí. Depois que o político sequestra ele...

— Hum... E o que o político quer que ela faça?

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