Capítulo 152: Se morrer, que seja lutando

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A palidez instantânea de Paula deixou os avós preocupados.

— Paulinha, tá tudo bem?

Feiticeira não conseguia acreditar que aquele homem havia ousado entrar em sua casa, sentar com seus avós.

— Paula.

Paula saiu do transe. Tinha que pensar rápido, pois os avós avós correriam sério perigo com aquele psicopata.

— Você chegou cedo — Paula forçou o sorriso, como se cada bochecha pesasse uma tonelada.

— Você nunca disse que conhecia Heitor Pimenta, Paulinha — o olhar de Jacó era carregado de reprovação e preocupação. O mesmo que havia nos olhos de Miranda. Os dois provavelmente já sabiam do escândalo envolvendo o pastor.

— Conheço sim, vô. Vamos, senhor Pimenta — Paula fez um gesto com a mão chamando-o, já segurando a porta, torcendo febrilmente para que aqueles monstros saíssem o quanto antes de perto de seus avós.

— Não precisa pressa, querida — Heitor sorria com os olhos famintos. Ele provavelmente mal se continha. — Estava tendo um papo interessante com Jacó e Miranda.

Miranda tentava encontrar os olhos de Paula. Sabia que havia algo de muito errado ali. Paula sabia pelo desapontamento nos rostos dos avós que eles achavam que Heitor era o namorado secreto dela. Quem havia lhe dado o carro, a tirara do emprego, a bancava. Isso, ou ela havia se tornado prostituta de luxo. Só de imaginar que isso se passava pela cabeça dos avós, sentiu a garganta fechar. Mas era mais seguro e urgente se livrar de Heitor, ou deixar que ele a matasse longe dali.

O rosto deformado de Valentina veio-lhe à mente.

— Vou ao banheiro rapidinho, então.

Paula passou direto, subiu as escadas de dois em dois degraus, abriu a bolsa e retirou o celular. Passou por sua mente ligar para Iguana, mas não teria tempo hábil para pegar o chip escondido e colocar no celular, que teria que ser religado. Sem falar que o Clube grampeava seu celular, saberiam para quem ligou. Ligou para um número já salvo.

Um toque.

Atende! Atende!

Dois toques.

Atende!

Três toques.

Atende!

Quatro toques

De olhos fixos na porta, Paula esperava o momento de Pimenta abri-la. Não podia esperar mais. Não queria deixar os avós nem mais um segundo com aquele porco.

— Paula?

— Ludo! — Paula sussurrou com urgência. — Preciso que fale com Valentina. Heitor vai me levar agora. Ela sabe o que ele vai fazer comigo.

— Ele vai te levar? Como assim...?

— Só fala com ela o quanto antes — Paula o interrompeu. — Preciso ir.

Paula desligou. Dificilmente o Clube gravaria suas ligações. Não deviam ser nenhuma CIA. No máximo saberiam para quem ligou, seu amigo Ludo. Nada suspeito aí. Lembrara-se de que Valentina havia perdido o celular, mas tinha o número de Heitor, e aos olhos dele, trabalhava para ele. Ela poderia ligar para ele e convencê-lo a não...

O rosto de Valentina lhe veio à mente de novo. Olho vazado, inchado, cortado, deformado. Estuprada por vários e espancada. O que esperava por ela com certeza seria pior. Heitor não teria pressa em arrancar dela toda a dor que conseguisse.

Lembrou-se do spray de pimenta que o avô havia lhe dado. Correu até a gaveta, pegou o cilindro vermelho de tampa verde e colocou-o no bolso de trás.

Voltou à sala, disposta a morrer lutando.

— Vamos?

— Vamos sim — Heitor se levantou com um sorriso enorme de satisfação. Ele sabia que ela não fugiria, pois tinha os avós como reféns.

— Paulinha, tem certeza de que está tudo bem?

— Está, sim — ela piscou, sorrindo. Talvez fosse a última vez que veria os avós, então queria que lembrassem dela com um sorriso no rosto.

— Foi um prazer conhecê-los, amados — disse Heitor. — Qualquer hora dessas eu volto, para conversarmos mais e tomarmos um chá.

Filho da puta.

Jacó e Miranda nem se esforçavam para ser simpáticos, já que a preocupação com a neta era maior.

Heitor e seu acompanhante seguiram Paula, que já abria a porta, enojada com aquele porco. Caminhou em silêncio até a Range Rover. O homem destravou o carro. Heitor abriu a porta de trás, fazendo sinal para que Paula entrasse.

— Não tem noção do quanto esperei por isso.

Paula nada disse, apenas entrou no veículo. O outro homem sacou um punhal e andou até o carro vermelho de Paula. Espetou o primeiro pneu, depois o segundo, até finalizar com o quarto. Voltou ao Range Rover, entrando no banco de motorista. Deu partida.

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Será o fim de nossa Paulinha?

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora