— Essa aqui — Paula apontou para o muro da mansão do outro lado da rua.
— Seu eu soubesse tinha estacionado mais perto; você me fez deixar o carro no fim da rua.
— Não seja preguiçosa. Vale quinhentos pontos.
— Tá, tá. Qual o desafio? — Japa olhava ao redor, procurando câmeras. — Não vão me deixar entrar a essa hora.
— Vão, se você for esperta. Meu desafio é que você consiga entrar na mansão e faça oral em algum dos moradores.
— Pode ser empregado?
— Pode.
— Fácil — Japa pegou o celular e colocou no modo avião, como sempre fazia sempre que ia cumprir um desafio, e o guardou de volta no bolso da calça. — Me aguarde.
Assim que Japa cruzou a rua, olhando para os lados, Paula escondeu-se atrás de uma árvore com arbustos floridos cercados ao redor do tronco; pegou o celular da avó e preparou a câmera.
Feiticeira observou Nayuri rondar o portão, olhando para o interior, provavelmente bolando um plano. Japa olhou para trás, procurando por ela, fazendo uma careta ao não a encontrar. Então fez um sinal para o lado de dentro dos muros. Segundos depois, um homem alto, de roupa escura, apareceu. Seria o segurança? Paula temeu que ele a expulsasse ali mesmo e seu plano fosse para o ralo. Mas via Japa gesticular enquanto falava, diante da expressão carrancuda do homem. Minutos depois, ele coçou a cabeça, sorrindo e negando. Paula queria estar ouvindo tudo, mas não tinha noção do que conversavam. O tempo passava devagar demais. Então o homem olhou para trás, depois abriu o portão com um controle, deixando Nayuri entrar.
Paula abriu um largo sorriso enquanto filmava tudo. Esperava nunca ter que usar aquele vídeo, que apenas a chantagem fosse o suficiente. Estava, enfim, nos últimos passos de seu plano. Filmou os dois sumindo pela alameda.
Esperou.
Só restava filmar a saída, que seria ainda mais efetiva e dramática que a entrada. Podia editar e deixar só uma parte. Ou enfim, ao menos pôr medo em Nayuri com relação a isso.
A rua estava medonhamente silenciosa. De repente temeu assaltos com moto, que eram bem comuns em São Paulo. Cerca de dez minutos se passaram, segundo acusava o timer da gravação. Finalmente Nayuri surgiu no campo de visão, sozinha e sorridente. Uma das abas do portão foi ligeiramente aberta para que ela saísse, sendo fechada em seguida. Paula estava prestes a parar de gravar, antes que Japa chegasse até ela. Mas o barulho de pneus no asfalto e as luzes de faróis a chamaram a atenção.
Tudo durou um segundo.
Nayuri estava no meio da rua e estacou, recuando ao ver as luzes e o barulho indo velozmente em sua direção.
Não teve tempo de chegar à calçada.
Paula levou a mão à boca abafando o grito.
O choque do veículo nas pernas de Japa foi tão forte que seu corpo girou como um boneco sobre o capô, sendo arremessado para trás até cair violentamente com o rosto no asfalto.
Paula quase que instintivamente correu para prestar socorro, mas estava em choque; seu corpo não obedecia.
O carro freou em um cavalo-de-pau.
Feiticeira encolheu-se ainda mais ao ver que era Sara, andando até o corpo que estava a poucos metros de seu esconderijo. Olhou para Japa, vendo em pânico que seus olhos suplicavam por ajuda enquanto agonizava, procurando por ela. Viu sua boca cheia de sangue tentar dizer algo, provavelmente gritar seu nome.
Sara parou ao lado do corpo e só então Paula viu que ela segurava uma pequena pistola. Sem hesitar, apontou para o rosto de Nayuri.
Estouro.
Paula se retraiu com o barulho.
Japa ficou inerte, com um furo na testa.
Cães latiam em todas as direções. Logo as pessoas apareceriam.
Sara voltou friamente a seu carro, como um robô. Paula esperou ouvir o barulho do motor do carro antes de se levantar e correr na direção contrária. Pessoas apareciam aos portões atrás dela. Apenas correu, com o celular em mãos. Quando finalmente parou, vários quarteirões adiante, sem fôlego, com a traumatizante cena se repetindo em sua mente, percebeu que não havia parado a gravação.
Estava tudo gravado.
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Senhoras e senhores, o próximo capítulo será o último; o epílogo que encerra Clube Proibido.
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...