Capítulo 108: Emergência

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Paula cantava a plenos pulmões Ana Júlia de Los Hermanos, em coro com todos os outros. Tentava esconder a felicidade que ainda não se esvaíra, ao mesmo tempo em que tentava tirar Iguana da cabeça. Quem diria? O bandido a havia fisgado da maneira mais covarde possível, dando a ela um prazer indescritível que nunca antes tivera, algo comum às mulheres — apesar das reclamações que já havia ouvido de Anabela, por exemplo, do egoísmo dos homens na cama.

Mas fora o orgasmo, tinha todo o resto. Iguana era terrivelmente atraente, um tesão de homem, altamente inteligente, culto e charmoso. Ele transpirava poder por todos os poros. O que atormentava Feiticeira era a vontade irrefreável de revê-lo. Paula conhecia-se o suficiente para saber que sempre que queria alguma coisa ia atrás — e conseguia. — E o Clube não seria um obstáculo.

Lembrava-se da despedida dos dois. Iguana a deixara em frente a um ponto de taxi já que ela se recusava a dizer onde deixara o carro estacionado no Jockey Club.

— Tem certeza de que não quer que eu a leve para casa? — ele perguntara antes que ela descesse.

— Absoluta.

— Sendo assim, adeus — ele abrira um sorriso aproximando-se para beijá-la.

Os lábios se tocaram brevemente.

Então, era isso? Ele ia simplesmente deixá-la ir sem pedir um reencontro, um número de contato, nem mesmo saber seu nome? Paula se dera conta nesse momento que era exatamente o que ela deveria desejar que acontecesse. Mas ao invés disso sentira-se tremendamente ofendida, contrariada, descartada. Ninguém antes a havia tratado de tal forma. Todos antes haviam clamado, implorado por mais. Iguana não. Por mais educado, simpático e carinhoso que estivesse sendo, deixava claro que não haveria um segundo encontro. Exceto, claro, se ela pedisse.

Não pedira. Claro que não faria isso. Vira-o ir embora no carro e soltara um palavrão. Ele realmente a estava descartando ou era sua forma de manipulá-la? Pegara um táxi até seu carro, logo em seguida retornara ao motel onde havia reservado o quarto por duas diárias para garantir que nenhum outro casal ou algum funcionário visse as câmeras escondidas.

Filho da Puta.

Devassa estava de biquíni azul com um copo de uísque na mão. Estava de bom humor, curtindo do seu jeito, sem exageros ou intimidades demais. Intimidades em conversar, pois há pouco havia transado com Aquiles e Marvin. Playboy também se divertia, sentado ao lado de Pâmela, que também havia acabado de transar. MILF observava contente que Japa estava ali no meio, cantando e dançando como se nada houvesse lhe ocorrido. Fora ela quem mandara Rafael ir ver o que havia de errado com Valentina. O único que não se encontrava era Latino, que desde o vídeo o estupro havia se ausentado o máximo possível, aparecendo apenas em momentos essenciais, como julgamentos e punições, sem conversas além do necessário, e nenhum tipo de intimidade com as mulheres que o enojavam. MILF ordenara que ele não fosse hostilizado, mas o grupo, inclusive ela, mantiveram a interação a nível básico. Valentina e Rafael já se aproximavam, ambos cantando o fim de Ana Júlia.

Então Marvin começou a tocar Kid Abelha. Como eu quero.

A reação foi imediata em Sara. Sua expressão facial mudou radicalmente. A cada acorde tocado na iminência do vocal a loira sentia uma navalha rasgar sua alma dolorosamente. Uma dor mais excruciante que qualquer dor física. Memórias cruéis vieram à tona sem serem convidadas.

— Diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério... — começaram em coro.

Sara se levantou, andando abrindo caminho entre os outros de forma rude. Caminhou a passos largos em direção à porta de vidro. Todos notaram seu comportamento, mas continuavam a cantar.

— O que deu nela? — indagou Playboy a MILF.

Pâmela não respondeu, apenas balançou a cabeça negativamente.

Nayuri seguiu a loira com o olhar. MILF percebeu e notou que havia algo distante nela. Algo em seu brilho estava diferente. Japa não era mais a mesma. Teve um pressentimento ruim.

— A loira é de lua — disse Playboy colocando a mão no ombro de MILF.

— Eu sei.

— Só não é uma boa mudar de fase logo hoje. De mau-humor a Devassa é mais cruel nos castigos.

— Falar nisso, pelo aplicativo vi que Japa aceitou três desafios esta semana, e... — Pâmela olhou ao redor, com os olhos bem abertos. — Onde está ela?

MILF se levantou com o coração apertado. Caminhou apressada em direção à porta de vidro. Ao passar pela porta, viu apenas Sara com o celular ao ouvido ao lado do bar.

— Onde ela está? — gritou. Sua expressão era de pânico.

— Sara? — MILF aproximou-se preocupada.

Devassa guardou o celular, praticamente correndo na direção em que Pâmela vinha. MILF bloqueou a passagem.

— O que houve, Sara?

— Preciso me vestir. Minha filha está no hospital!

Pâmela deixou-a passar, vendo seu desespero. Seguiu-a novamente vendo-a pegar as roupas deixadas pelo chão às pressas e vesti-las; viu também que Japa havia ido ao frigobar pegar cervejas, não seguido Sara como imaginara. Suspirou fundo, mas sua aflição continuava.

— Sara, precisa de alguma coisa?

— Substitua-me — falou correndo de volta em direção à porta de vidro.

Marvin havia parado de tocar. Todos se aproximaram, curiosos.

— O que houve com ela? — indagou Valentina.

— Uma emergência — MILF bateu as palmas das mãos. — O show acabou, pessoal. Vamos iniciar as análises dos vídeos e os julgamentos. Devassa será substituída por mim nas punições.

MILF tentou ler as reações dos outros membros, mas cada um esboçava um semblante completamente diferente. Estavam imersos em seus pensamentos, tão alheios que nem comemoraram a ausência de sua carrasca.

Seu pressentimento ruim persistia.


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MILF paranoica?

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora