Capítulo 151: Caríssima amiga

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Paula decidira evitar ir até a sede quando não fosse necessário, por isso escolhera um bar para desopilar. Pensava em Iguana. A ida até o sítio havia sido ao mesmo tempo maravilhosa e terrível. Iguana havia deixado uma mensagem bem clara ao mandar matar seu capanga tendo ela como testemunha. Pelo menos era ela quem o contatava, ela quem decidia se o veria ou não. Tinha o chip separado do celular, guardado em sua carteira. Era perigoso demais continuar se envolvendo com o criminoso. Mas sua preocupação real continuava sendo Japa. Ela poderia, a qualquer momento, entregá-la ao Clube.

Entrou no carro decidida a voltar para casa e ficar um tempo com os avós, quando viu que havia mensagens de Anabela:

Que homem é esse, Paula???

Nossa, gozei litros com ele!!!

Me liga pra eu contar detalhes!

Paula sorriu, contente que ao menos aquele problema estava resolvido. Deu partida no carro, trazendo Iguana mais uma vez aos pensamentos. Havia dirigido por vários quarteirões quando percebeu a moto se emparelhando. Levou poucos segundos para identificar quem era.

— Latino?

Latino buzinou três vezes. Paula o ignorou e acelerou. Como ele me encontrou? Estavam em uma rua pouco movimentada. Fernando a ultrapassou e freou a moto diante do carro, forçando Paula a parar.

— O que foi, vai tentar me estuprar também? — gritou, saindo do carro.

Fernando retirou o capacete, desceu da moto e caminhou até ela calmamente.

— Preciso falar com você.

— Não tenho nada pra falar com você. Sai da frente ou vou te atropelar.

— Essa descompostura não combina contigo, Feiticeira.

— Estava me seguindo?

— Rastreei seu celular, pelo aplicativo. Aquiles ainda não te ensinou como fazer? Pode saber onde cada um de nós está, e enviar um chamado de emergência a todos, também.

Paula percebeu o quanto estava descontrolada, e era uma de suas regras pessoais não perder o controle.

— O que você quer?

— Conversar. Serei breve.

— Aqui?

— Que seja. Eu não estuprei aquela mulher.

— Não estuprou? Você filmou, esqueceu? Todos nós assistimos, e quer dizer que é mentira? Efeitos especiais?

— O Clube me obrigou. Foi um castigo. Eu fiz algo que eles não queriam.

— Fala sério, cara...

— Eu ia falar com Valentina, ela era a única que tinha colhões pra investigar o Clube. Mas ela tá fora da jogada. Armaram pra ela.

— Nós vimos o vídeo. Aquela mulher era o quê, uma atriz?

— Mais ou menos — Latino pegou o celular e digitou algo, mostrando a ela em seguida a página do Xvideos com a pesquisa por "Baby Hardcore". Apesar de Paula não ter uma lembrança nítida da mulher do desafio, a atriz pornô que aparecia na pasta de vídeos era familiar. Os títulos eram tão grotescos quanto as imagens ilustrativas.

— Que porcaria é essa?

— Eles me fizeram espancar e forjar um estupro. Mas não foi. Ela é conhecida por fazer vídeos sendo espancada e fake rape. Sente prazer nisso. Gosta de introduzir coisas enormes no...

— Eu vi as imagens — Paula cortou, ainda chocada e confusa.

Fake rape faz um sucesso tremendo entre os pervertidos. Ela é a rainha desse tipo de vídeo. São bem reais, porque ela leva ao extremo. E chora, implora... Eu odiei fazer o que fiz, mas foi pura encenação. Se não fosse, eu não teria aceitado.

— Isso não faz sentido nenhum. Por que o Clube forjaria um desafio?

— Já disse. Eu desobedeci. E fui castigado me queimando com os membros. Eles sabem o quanto isso iria me abalar. Eu tenho meus defeitos, eu posso ser um babaca, mas eu gosto de minhas amizades. Do meu jeito.

— O que você fez pro Clube?

— Não vem ao caso.

— Por que está me dizendo isso? Quase foi atropelado só pelo desencargo de consciência? Por que não falou com Nayuri, sua pupila?

— Nayuri não sabe guardar segredo. E não confio muito nela. É uma boa menina, mas imprevisível. Eu queria ter falado com Valentina, mas quando tive coragem, era tarde demais.

— E por que eu?

— Por que breve vou precisar de um aliado. E nos outros sei que não posso confiar. Em você pelo menos eu não sei ainda.

— Não devia confiar em mim.

— Veremos — Latino colocou o capacete. — Só tenha uma coisa em mente, delícia: eles sabem de tudo. Absolutamente tudo. Quando pensa que os está enganando, Os Bastidores vêm com uma forma doentia de punição. Acredite, eu sei.

— Está se referindo à Emanuelle?

Latino parou e a encarou por um segundo. Paula fez questão de mostrar que não era totalmente inocente com relação ao Clube.

— Ninfeta tentou sair e morreu. Ninguém sai do Clube, e não é a isso que me refiro. Você acha a Devassa criativa pro mal? Os Bastidores são diabólicos, doentios, capazes de deixar a Devassa perplexa.

Fernando caminhou até sua moto e partiu ruidosamente. Paula ainda ficou alguns segundos digerindo aquilo antes de entrar no carro.

Não tem como saberem de tudo. Não mesmo.

Dirigiu furiosa. Não iria deixar ninguém ter o controle de sua vida. Não mais. Tiraria do Clube todo o proveito possível, e então partiria para Iguana. Nenhum dos dois decidiria sua vida por ela. Mais de uma hora depois, estava em seu bairro. Ao dobrar na rua de sua casa, percebeu ao longe algo estranho. Havia uma Range Rover preta estacionada diante do sobrado.

Seu instinto mandou-a dar a volta e ir embora. Mas seguiu adiante. Estacionou e desceu do carro com as pernas trêmulas.

Abriu a porta.

Paula petrificou-se, sentindo o horror sedá-la direto na espinha. Havia um homem em pé, de braços cruzados, e Jacó e Miranda estavam sentados um de cada lado do político, que tomava uma xícara de café.

— Olha só quem chegou! Minha caríssima amiga! — a voz de Heitor pimenta soava mais asquerosa do que nunca. — Contente em me rever?

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Fudeu.

Senhoras e senhores, faltam poucos capítulos e estou a mil, escrevendo em cada horário vago. Tudo já planejado, tudo só no ponto de colocar no papel e ganhar vida. Vamos descobrir o destino de Paula, e preparem-se para se emocionar e surpreender. O que vem por aí é pesado!

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora