Clube Proibido [completo]

Capítulo 161: Confiança (parte 3)

Três semanas haviam se passado desde o incidente com Heitor Pimenta. Paula imaginou que ele e seus capangas não vigiariam a boate Clube Proibido durante o dia, já que para todos os efeitos, estava fechada. Por isso mesmo ela evitava entrar ou sair à noite, e realizava os desafios durante o dia. Havia mandando um guincho buscar seu carro com os pneus furados e os consertou. Ao menos não chamaria tanto a atenção. Muitas delas dormiu em quatros de hotéis, e em uma dessas noites, na casa de Anabela.

— Eu estou apaixonada — Anabela revelou, com os olhos brilhando. As duas estavam de pijamas sobre a cama dela.

Ah, merda, não!

Paula nem sabia que ela e Aquiles ainda se encontravam. Como não comentavam nada dentro da sede, ele nunca mencionou.

— Pelo Aquiles? Sério?

— Aquele homem é um deus grego! É o tipo de badboy que eu detesto, mas que não dá pra resistir.

— Eu já ia dizer isso — Paula estava nervosa. Aquiles estava brincando com os sentimentos dela? — Ele nem é seu tipo.

— Agora é. Graças a Deus ele não é o seu tipo, senão eu não teria chances.

Ah, não. O que foi que eu fiz?

— E... ele? Também está apaixonado?

— Ainda não saquei qual é a dele. Tivemos alguns encontros. Ele é muito misterioso, sabe? Talvez você o conheça mais do que eu.

— Não sei quase nada sobre ele.

— Ele deve ter dito alguma coisa sobre mim, não disse?

— Meu Deus, você virou uma adolescente de comédias românticas da Netflix.

— Fala!

— Eu não o tenho visto. Desde que a gente saiu junto e eu apresentei vocês. Ele não é muito de falar — e como não era!

Paula mudou de assunto. Anabela a atualizou sobre as últimas semanas, enfatizando que as duas estavam distantes.

— Como vai a faculdade?

— Tranquei — Paula disse olhando para baixo. Não queria ter que criar motivos.

— Por quê?

— Não me identifico mais com o curso. Vou dar um tempo, talvez eu volte.

— Você não trabalha mais na Requinte nem vai pra faculdade. O que faz durante seu dia?

Era por isso que Paula evitava a melhor amiga.

— Estou me dedicando a mim.

— E seu empréstimo de dez mil reais? Quem está pagando?

— Parei de pagar — Paula estava desconfortável, querendo que houvesse um botão para desligar as perguntas de Anabela.

— Paula, puta que pariu! Você não confia mais em mim?

— Claro que confio.

— Então por que mente?

— Não é mentira.

Paula amaldiçoou-se por não ter pensado em uma série de desculpas antes de encontrar-se com Anabela. Claro que ela perguntaria aquilo tudo, não era burra. Havia tanta coisa em sua cabeça que aquilo havia passado batido. Parecia um marido infiel sendo interrogado pela esposa sagaz e ciumenta.

Por um instante cogitou falar para ela sobre o Clube.

Por que não? Anabela era sua melhor amiga, jamais faria nada para prejudicá-la. E seria ótimo parar de mentir para ela.