Capítulo 176: Plano (parte 5)

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Nayuri terminou de se enxugar e começou a se vestir.

— Ainda são dez horas, delícia — comentou Lenhador, apoiado na margem da piscina.

— Passei o dia longe da Yoko. Tenho que limpar as caixas de areia e fazer companhia.

Pâmela, que estava próxima a ela, indagou:

— Essa gata é como uma filha pra você, não é?

— Sim. É minha única família — Japa terminou de se vestir. — Tenho desafio pra fazer amanhã cedo.

— Uau! — admirou-se Marvin. — E você completou dois hoje.

— Minha meta pra amanhã é três.

— Cuidado pra não se preocupar com quantidade e comprometer a qualidade — alertou Pâmela.

— Estou muito mais cuidadosa. E tenho toda uma estratégia. Os mais difíceis eu dedico mais tempo; os mais fáceis eu posso fazer mais de um por sai. Até mais, lindos — mandou um beijo e andou rumo ao loft.

— Orgulho dessa menina — disse Lenhador. — Quem não era a Japa, não é?

— Ela cometia ao menos um erro por semana — comentou Pâmela vendo Nayuri se afastar através da porta de vidro.

— Espero que continue assim.

— Marvin...

— Oi.

Pâmela hesitou.

— Nada.

Era o mal pressentimento. De novo.

.

.

— Japa!

Nayuri olhou para o lado, quando estava prestes a entrar em seu quarto.

— Oi, Feiticeira.

Paula andou até ela, pela calçada.

— Queria falar com você, mas não podia lá dentro. Você sabe, as câmeras...

— Sim, claro — Nayuri olhou para a boate. — Qual o problema?

— Você tem compromisso? Está ocupada?

— Estava indo colocar comida para a Yoko, mas acho que ela pode esperar um pouco.

— Ótimo. Podemos sair daqui no seu carro? Aí você me deixa em algum lugar. Amanhã busco meu carro. Só preciso desabafar.

— Claro, claro. Pode entrar.

Paula sorriu, abrindo a porta do passageiro.

O carro arrancou. Nayuri parecia empolgada com o interesse de Paula em conversar com ela.

— Pra onde quer que eu vá?

— Pode ser na direção da sua casa, pra não ficar contra mão.

— Certo. Então, o que houve?

— É... Acho que perdi minha amiga, minha melhor amiga.

— Sério? Por quê?

— Morre aqui, Japa, mas... Eu cogitei falar pra ela sobre o Clube...

— Tá louca, garota? Babado! E aí, o que aconteceu?

— Eu não contei. Mas não quero que o Clube saiba. Confiei em falar pra você. Confio em você — repetia o "você" para dar mais intimidade às suas palavras. Era algo que havia aprendido com Ludo.

— Obrigada, de verdade. Mas me diz, por que disse que perdeu a amizade?

— É que eu só não contei porque descobri que ela havia transado com meu ex namorado. Quando ele era meu namorado.

— Que piranha! — Nayuri fez uma expressão caricata de surpresa. — E você, o que fez?

— Terminei a amizade. Não sei se fiz besteira. Transei com o cara por quem ela estava apaixonada...

— Que diabólica! — Japa deu uma gargalhada, empolgadíssima.

Paula observava o genuíno interesse de Nayuri em sua conversa. Ali, ao seu lado, estava a mesma garota boba e feliz que havia conhecido, como se toda a aura de perigo e ambição a envolvendo tivesse se dissipado. Talvez Japa não tivesse realmente se tornado mais forte, ou uma cobra capaz de tudo para se provar. Talvez quisesse que os outros a vissem assim para ser aceita, e ao chamá-la para confidenciar algo, Paula estava fazendo com que se sentisse especial, sem a necessidade da máscara de durona. Por um instante, Paula sentiu pena de Nayuri e achou seu plano inteiro ridículo e desnecessário. Talvez conquistar sua amizade, torná-la próxima, fosse a solução.

Não, Paula. Se você for tentar, vá até o fim.

As palavras de Bukowski tiraram-na de seus devaneios. Não iria desistir.

— Você tem arrasado nos desafios.

— Estou me organizando — Japa sorriu, orgulhosa. — Quando crescer quero ser igual você, invicta.

— Tive sorte até agora.

— Sorte? Não acredito em sorte. A Devassa era minha ídola. Agora é você.

— "Ídola"? — Paula riu.

— Abaixo o machismo no português. Por que pra se referir aos humanos se diz "O Homem"? Por que quando tem pelo menos um homem na plateia não se pode usar adjetivos femininos para se referir a ela? Tipo: "Queridas...", ou...

— Entendi. Abaixo o machismo no português — Paula repetiu, divertindo-se. — Fico lisonjeada. Na verdade, posso te dar umas dicas, se quiser.

— Sério mesmo? — Japa olhou para ela, com os olhos brilhando.

— Olha a estrada!

— Claro — Nayuri olhou para a frente. — Eu adoraria! Andei criando umas técnicas, mas vindo de uma mestra no assunto, melhor ainda.

— A gente podia marcar um dia... Por mim seria hoje, mas você tem sua gata para alimentar...

— Na verdade, ela tem comida na vasilha dela. Mas eu costumo colocar carne ao molho ou algum petisco especial. Vamos agora mesmo, pode ser?

Isso!

— Se estiver tudo bem... Eu estou realmente precisando me distrair.

— Ok! Então quer que eu pare em algum lugar pra gente beber alguma coisa?

— Eu preferia algo mais prático. Tenho muitos, muitos pontos extra desde que Valentina foi deserdada. Poderia fazer um desafio com você, e ver como você se sai. Daí posso te dar umas dicas, pra você aplicar no próximo desafio.

— Achava melhor você realizar um desafio, aí eu observo como você opera.

— Poderia até ser. Mas melhor seria eu ver você agindo, dizer como eu faria diferente, e depois aplicar em outro desafio. O que acha?

— Se você está dizendo... Você é a mestra.

— Perfeito. Bem, deixa eu pensar em alguma coisa... Que tal algo envolvendo uma mansão?


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Pessoal, depois do término deste plano, só teremos mais um ou dois capítulos pequenos e o epílogo. Depois, só na continuação, cujo título vou divulgar assim que terminar este.

Divulguem o Clube! Dependo de vocês para trabalhar na continuação, para levar ele pras livrarias, até sua casa, na sua estante! Então vote, comente, indique pra um amigo, nas suas redes sociais, etc. O Clube é nosso! Os personagens são tão seus quanto meus.

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