Capítulo 33: Menos pra ela

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— Toca a minha, barbudo — pediu com um sorriso torto, sentando-se no estofado.

— Agora, minha deusa — e começou a cantar e tocar Fake Plastic Trees, de Radiohead. Era uma melodia triste, mas extremamente tocante.

Enquanto ouvia, Paula observava a loira. O corpo era impecável, com pernas, quadril, cintura e seios desenhados de forma simétrica para despertar desejo de forma infalível. O rosto era de Femme Fatale, que se encaixaria com maestria em uma vilã de filmes. Súbito os olhos da loira encontraram os seus, pegando-a no flagra. Paula manteve o olhar.

— Pode olhar, eu deixo — disse com um quase sorriso.

Paula enrubesceu. Odiava quando isso acontecia, pois não tinha controle.

— Queria tentar dizer algo ofensivo, mas os adjetivos que me vêm à mente são todos elogios.

Sara sorriu. Não era sarcástico desta vez. Marvin cantava outra música; os outros estavam entretidos ouvindo. Devassa levantou-se e sentou perto de Paula.

— Eu não estava de bom humor em nosso primeiro encontro.

— Isso é um pedido de desculpas? — Paula indagou.

— Nunca peço desculpas. Mas fui desnecessariamente arisca com você.

— Desculpas aceitas.

Devassa sorriu, encarando-a.

— Mas ainda não gosto de você. Só não quero climinha de adolescentes se alfinetando. Não tenho paciência pra isso.

— Aprecio a sinceridade. Acho isso chato também.

— Esse é o momento em que começamos a transar, mas estou com as beiradas inchadas.

Paula riu. Sara estava mesmo sendo simpática com ela? Desarmou-se completamente. A raiva passou, assim como o rancor. Talvez Devassa fosse legal.

— Já fez sua primeira amiguinha — Sara fez sinal com o queixo para Valentina, entretida com a música mais adiante.

— Ela me ajudou bastante hoje.

— Em seu primeiro desafio?

— Não. Não vai anular desta vez. Ela me ajudou com outra coisa, algo pessoal.

— Se seu desafio valeu ou não, isso vamos decidir. Confesso que estou torcendo pra ter dado algo errado e punir você — sorriu maliciosamente.

— Não desta vez, gata — Paula piscou.

— E deu certo a coisa pessoal?

— Sim, vou buscar amanhã. É um remédio.

— Remédio?

— Pra uma amiga. Engravidou por acidente.

A expressão de Sara mudou completamente. Seu rosto tornou-se sombrio.

— Ninguém engravida por acidente — disse de forma ácida. — Ela abriu as pernas e alguém gozou dentro. De que espécie de remédio estamos falando?

— É fácil julgar, mas cada um tem...

— Que espécie de remédio? — repetiu secamente, interrompendo-a.

— Abortivo — respondeu irritada com a petulância da outra.

O olhar de Devassa tornou-se de repulsa. De repente Paula era um verme asqueroso diante dela. Levantou-se.

— Lixo. Vocês duas são lixo.

— Quem você pensa que é? — Paula levantou-se furiosa, cara a cara com a loira.

Marvin parou de tocar, todos olhavam para as duas.

— Ei, meninas! — Rafael se levantou para intervir.

— Quem eu sou? — Sara respondeu bem próximo ao rosto de Paula, olhando-a com nojo. — Pergunte-se quem você é. Infanticida. Uma assassina escrota. Não me admira que seja frígida!

Paula deu um tapa, mas Sara segurou sua mão no ar, segurando com força seu punho.

— Não ouse tocar em mim com essas patas imundas — largou-a com um empurrão, andando a passos largos em direção à porta de vidro.

— Vai se foder! — Paula gritou. Estava vermelha de ódio. Nunca sentira tanta vontade de matar alguém.

Aquiles correu atrás de Sara, os outros tentavam entender o que havia ocorrido. Valentina chegou perto de Paula, entendendo o contexto.

— Não devia ter dito a ela. Do mundo todo, menos pra ela. Agora, sim, você tem uma inimiga.


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Votem, comentem! Talvez eu só publique Domingo, mas saibam desde já Paula ficou balançada com esta cena, que vai planejar seu desafio fechado e vai... Ah, aguardem!

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