Capítulo 68: O peixe e o dragão

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— Estou com pena da Nayuri — comentou Valentina tomando um gole de uísque.

— Também — concordou Paula sentada no lado oposto da mesa, na área da cozinha.

— Eu sinto por ela, mas não foi por falta de aviso — disse Marvin, atrás do balcão, cortando verduras com um avental amarelo e preto. Cozinhava um tira-gosto.

Nayuri, Fernando e Pâmela já haviam ido embora. Devassa, Playboy e Negão estavam na piscina. Era mais de meia noite.

— Ela parece tão imatura — constatou Paula. — Como ela entrou no Clube?

— Era pupila do Latino — respondeu o Lenhador. — Ela é boa, mas é irresponsável, temperamental e emotiva demais.

— Você também é emotivo — Ninfeta Ruiva sorriu.

— Sou um poeta. Meu signo é peixes, mas no horóscopo chinês é Dragão. Eu sei dosar meus extremos.

— Verdade — Valentina olhava para Paula. — Você não quer ver o Lenhador zangado.

— Parto você ao meio com meu machado ou minha serra elétrica — sorriu.

— Ou com seu pau — provocou Paula.

Os três riram.

— Verdade — Valentina concordou. — Esse tronco ele não corta.

— Não sabia que você era bi — disse Paula.

— Sou. Não disse que era de peixes? Peixe espada.

Risos.

— Mas já namorou homens e mulheres?

— Já fui noivo de uma mulher. E namorei um cara por quatro anos. Fora isso comi quase todo mundo, sem ver primeiro se tinha pau ou boceta.

Paula riu.

— E por que terminou com o cara?

— Porque saí da prisão.

Paula achou que era uma piada e esboçou um sorriso, mas percebeu que Valentina estava séria.

— Ele namorou o cara na prisão. Eram colegas de cela.

— Você foi preso? — Paula arqueou as sobrancelhas.

— Por quatro anos.

— Posso perguntar o porquê?

— Espanquei um homofóbico. E encontraram drogas no meu estúdio.

— Uau!

— O dragão nele aflorou — comentou Valentina. — Um cara jogou cerveja na cara dele em um bar porque ele beijava um rapaz.

— E era uma cerveja das mais baratas. Me ofendi mais por isso — sorriu colocando uma frigideira com óleo no fogo e refogando o alho.

— Tem meu respeito — Paula balançou a cabeça, orgulhosa.

— Se eu não temesse as punições da Devassa teria espancado o Latino hoje. Ao menos não seria preso.

— Ele merece ser estuprado por uma cadeia inteira! — Valentina concordou, irritando-se por se lembrar. — Não acredito que a Pâmela deixou essa passar.

— Ela segue as regras mais do que ninguém — Marvin a defendeu. —Por ser a mais graduada, a função dela é ser literal quando às regras. Admiro-a bastante. Ser líder não é fácil.

— Ele vai ter o que merece algum dia — Paula disse com placidez, bebendo um gole de sua bebida.

Rafael entrou pela porta dos fundos de sunga, com uma toalha branca no ombro.

— Hum! O cheiro está ótimo! — disse ao se sentar ao lado de Paula. — O Lenhador não mexe só com pau. Mexe com comida também, e muito bem!

— Que trocadilho infame — Valentina fez uma careta. Paula riu.

— De ébano eu entendo mais. Madeira boa, grossa... — Marvin piscou fazendo um sinal para a cueca de Marvin.

— Tira o olho de meu obelisco —Negão cobriu a cueca com as duas mãos, dando uma risada.

— Falou com a víbora loira? — indagou Feiticeira.

— Tentei — Negão baixou o olhar, derrotado. — Ela parece bem concentrada. Daquela mente não sai coisa boa. Sem falar que ela não gosta muito da Japa.

— Nem de mim — completou Paula.

— Não — Negão balançou a cabeça. — Você ela odeia, é diferente. O que quer que ela faça com a Japa, faria muito pior com você.

— Para isso eu vou ter que falhar em algum desafio.

— Olha só — Marvin deu uma risada. — Senti firmeza na delícia.

— Eu não entro pra perder.

— Cuidado, Paula — advertiu Valentina. — Você está no seu segundo desafio. As coisas podem ficar mais difíceis. Sempre fica.

— Adoro desafios.

— Eu não consigo parar de pensar na guria — Rafael serviu-se com o uísque. — Pra mim a Japa é uma meninona. Ela não faz por mal.

Lenhador mexia a carne na frigideira:

— Você tenta ajudar todo mundo, Rafa, mas vivemos em um mundo em que apenas os fortes sobrevivem. Se a Japa não aprender a ser forte, vai sofrer muito mais.

— Enfim, fico bolado com essas coisas — Rafael continuou. — Pra mim a gente é uma família, saca? Vejo a Japa como minha irmãzinha.

— Você fode sua irmãzinha com força, hein? — Valentina apontou.

Todos riram.

— Família moderna.

— Adoro modernidade — Valentina inclinou-se e entrou embaixo da mesa. Paula observou-a pela mesa de vidro engatinhar até Rafael e colocar a mão dentro de sua cueca, colocando membro para fora, e depois na boca. Mesmo mole era enorme, Feiticeira constatou, excitando-se.

— Só a MILF engole essa anaconda preta — Marvin comentou rindo. — Mestra na garganta profunda.

— Mas a ruivinha aqui lambe como ninguém — Negão comentou dando uma risada contagiante.

O celular de Paula tocou.

Era Anabela.

Por que estava ligando tão tarde?

Levantou-se da mesa, caminhando para uma parte mais silenciosa. Atendeu.

— Bella?

— Paula! — a voz estava distorcida pelo choro. — Me ajuda! Eu estou sangrando muito. Dói demais! — deu um gemido de dor animalesco.

— Você tomou o remédio?

— Tomei. Isso está me matando. Dói. Dói muito! Estou gelada, meu útero parece que está sendo esmagado — o choro se misturou com o gemido de dor.

— Está em casa?

— Sim.

— Estou indo praí! Fica bem, por favor! — desligou na pressa, correndo para a porta dupla de acesso à boate.


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