Capítulo 35: Dever de casa

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Com o notebook no colo, um caderninho ao lado e o celular na mão, Paula revisava cada detalhe sentada sobre a cama. Releu mais uma vez o dossiê da sua vítima, principalmente a parte descritiva do desafio:

Deputado Federal eleito por voto popular, bastante respeitado na sua comunidade evangélica da qual é pastor. Tem fama de ser justo e impecável em seu caráter, tendo como lema a família e os bons costumes. Secretamente Heitor Pimenta é viciado em sexo e inclinado a fetiches e perversões, mas está sempre monitorado pela oposição que planeja desmascará-lo já que será um forte candidato ao Senado. Tem seguranças vinte e quatro horas seguindo-o e as raras vezes em que está sozinho está na companhia da esposa. Esta, desconfiando da fidelidade do marido, contratou detetives particulares para vigiá-lo e ele tem ciência disso. Seu celular está grampeado e todas as suas redes sociais e e-mails foram hackeados. Há mais de quatro meses não tem nenhuma aventura com prostitutas. Heitor e a esposa estão hospedados em um resort em Campinas e partirá para Brasília ao fim do tempo estabelecido no desafio.

Paula não sabia por quem o deputado havia sido hackeado e grampeado, mas sabia que o Clube o havia feito. E o o Clube com certeza tinha Hackers mais competentes já que eles possuíam aquelas informações. Tinha certeza que Valentina ficaria investigando a fundo cada uma das indagações que havia tido, perguntando-se se o Clube havia sido contratado pela oposição, talvez pela mulher. Era óbvio que o vídeo seria incriminador, mas havia a possibilidade de o Próprio pastor ter contratado o Clube para dar um jeito de dar sua fugidinha. Mas Paula realmente não se importava com aquelas questões. O que ela queria era descobrir uma forma de realizar o desafio, o que parecia extremamente difícil, missão impossível. Paula revirou sites e mais sites procurando o máximo de informações que conseguia sobre o pastor deputado e sua esposa. De fato a imagem do homem era de um pai de família, um exemplo de pai, esposo e cidadão da igreja temente ao Senhor. Não achou absolutamente nada relacionado a perversões ou prostitutas. O Clube pelo visto sabia mais que o Google.

Entrou no site do resort, pesquisou o máximo que pôde. No dossiê também dizia exatamente o quarto em que ele ficaria, então ela pesquisou valores de hospedagem e seu queixo caiu com os preços.

— Onde diabos você vai arranjar dinheiro, Paula? — perguntou a si própria, já começando a se arrepender de ter aceitado o desafio.

Fez algumas anotações no caderninho.

1. Como chegar até o deputado se ele é monitorado o tempo todo?

2. Como arranjar dinheiro para me hospedar no resort?

3. Como dar o cu sem sentir dor?

Riu do último tópico, mas era uma risada nervosa. Odiava sexo anal, mas era essencial para finalizar o desafio. Mas esta era a menor de suas preocupações. Em outra página anotou o que necessitava para ter sucesso:

1. Despistar os seguranças;

2. Ficar a sós com o deputado;

3. Certificar-me de que a esposa estará longe;

4. Entrar no quarto do deputado sem ser vista;

5. Comprar pomada KY.

Paula continuou a rabiscar as folhas, elaborando projetos de planos. Alguns pareciam viáveis, outros não. Só tinha que se apressar. A tarde já chegava ao fim e ela só tinha o dia seguinte e o início da tarde do próximo para viajar até Campinas, conseguir o dinheiro para a hospedagem e pra pôr algum plano em prática. Não teria tempo hábil para estudar o terreno. Teria de chegar lá ainda naquela noite. Faltaria mais um dia de aula na faculdade. Olhou o cronômetro: tinha menos de quarenta e oito horas.

Pensa, Paula! Pensa, pensa, pensa!

Celular tocou. Na tela, o nome da melhor amiga.

— Agora não, Anabela! — recusou a chamada. Não podia se preocupar com aquilo ou não chegaria a um bom plano nunca!

Pesquisou por cerca de mais uma hora até achar algo que lhe clareou as ideias: Um detalhe bem específico sobre Heloísa Pimenta, esposa do deputado. Um detalhe crucial para seu plano que começava a se formar.

— Eu sou foda. Eu. Sou. Foda — reconheceu enquanto rabiscava mais uma folha.


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Quem concorda, levanta a mão!

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