Onze anos atrás
— Uau!
Leandro apoiou o violão no chão, embasbacado com o cenário. Sara deleitava-se com sua reação, sentindo orgulho do que mostrava.
— Gostou?
— Está brincando?
Era um pequeno vale entre dois morros. A trilha que os levara até ali era quase que completamente obstruída. Mas a paisagem compensava. Não tanto pelo vale em si, mas pelos milhares de pontinhos piscando no ar, quase em sincronia.
— Eu chamo de Vale dos Vagalumes. É meu lugar favorito no mundo.
— Nossa! Nunca vi tantos em um único lugar!
— Aqui é bem escuro à noite, por isso eles se reúnem aqui — Sara sentou-se em um tronco de árvore caído. — Eu li que eles precisam da escuridão para poder piscar, e através dessa luz que eles se acasalam. Não sei explicar bem ao certo, mas é essa a ideia — ela riu, achando-se péssima em explicar. — É difícil ver eles nas cidades porque tem muita luz artificial.
— Há muita poesia nisso — Leandro sentou-se ao lado dela. — Então quer dizer que sem escuridão eles não existem.
— Exatamente.
Leandro abriu o case do violão e tirou-o de dentro.
— Será que eles se incomodam com uma canção?
— Duvido muito.
Leandro tocou e cantou uma música suave, cuja letra falava sobre paz. Era o que aquilo lhe transmitia. Ao fim da canção, Sara o aplaudiu.
— Sua voz é linda!
— Aposto que a sua também é. Quer que eu toque pra você cantar?
— Não, não! — Sara enrubesceu. — Eu devo soar como um ganso perto de você.
— Não vou te julgar, prometo!
— Ok... — Sara ainda estava relutante. — Você toca... sei lá... Kid Abelha?
— Depende. Qual?
— "Como eu quero".
Ao invés de responder, Leandro começou a tocar. Sara foi tomada pelo nervosismo, a ansiedade consumindo-a cada vez que a melodia chegava mais perto de sua entrada.
— Diz pra eu ficar muda... — começou a cantar, e ao decorrer da música foi se soltando mais, ficando mais à vontade e desafinando cada vez menos. Leandro e ela se entreolharam, sorrindo.
Ao fim da música foi a vez dele bater palmas.
— Você é um diamante bruto, garota! Sua voz é muito linda, só precisa trabalhar mais a afinação em algumas notas, mas com o direcionamento certo...
— Você fala sério? — pela segunda vez, Sara fez algo que raramente fazia: enrubesceu. Quase ninguém era capaz de deixá-la sem jeito. Os elogios de seus colegas e de todos que a conheciam não lhe soavam verdadeiros. O de Leandro, que não tinha ideia de que família ela era, soava sincero. E isso era desconcertante para ela.
— Sua voz é diferente. Grave e ao mesmo tempo... Eu nunca ouvi algo assim, juro! Pode cantar outra, por favor?
— Claro... — disse encabulada, com um sorriso envergonhado no rosto. — Pode ser do Kid Abelha também? É minha banda favorita.
— Eu sei algumas.
As horas passaram rápido demais. Os dois revezavam no vocal e os vagalumes pareciam dançar ao som de suas vozes, passeando entre os galhos das árvores. Uma filmagem de videoclipe era o que parecia.
— Ainda não sei seu nome.
— Sara.
— Lindo nome.
— Obrigado. O seu também não é feio.
— Minha mãe também não achava — riu.
— O que significa o "E"?
— É de Estevez. Leandro Estevez, mas preferi o nome artístico Leandro E.
— É diferente. Mas preferia com "Estevez".
— Tenho trauma. Meus coleguinhas de escola viviam fazendo trocadilhos. "Leandro Estevez aqui."
Sara riu.
— Pensando bem...
Leandro observou-a por um segundo, admirando-a.
— Você é louca, sabia?
— Por quê?
— Sou um forasteiro, um estranho, e mesmo assim você me traz aqui pro meio do mato, longe de todo mundo...
— Eu disse, eu sei me defender.
Mas Sara sabia que na verdade, o que estava fazendo era sua própria escolha. Uma escolha potencialmente irresponsável e perigosa, mas sua. Um dos poucos momentos em sua vida em que não fora monitorada pelos pais.
— Ai meu Deus! Que horas são?
— Não sei. Por quê?
— Meus pais vão me matar! — levantou-se às pressas. — precisamos ir!
— Você disse que esse é seu lugar favorito, então costuma vir aqui à noite.
— Mas passo pouquíssimo tempo. Estourei qualquer limite!
— Espera, eu vou com você! — ele abriu o case para colocar o violão dentro.
— Está louco? Ninguém pode ver a gente saindo juntos daqui. Principalmente porque estão me procurando. Tchau! Adorei a noite com você! — falou já caminhando e acenando.
— Tchau... — Leandro acenou esmorecido, vendo-a partir entre as árvores. Viu a lanterna de seu celular acender e iluminar o caminho escuro, sem a chance de se despedir da forma que queria.
Viajaria na manhã seguinte.
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Que cena fofa! Deu vontade de ouvir Kid Abelha.
Mas será que isso terá um final feliz?
O que terá transformado Sara em Devassa?
Breve a resposta, e próxima quinta novos capítulos!
Inté!
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...