Paula desceu do Uber diante do luxuoso Tivoli Mofarrej. Não ia arriscar que Iguana visse seu carro e sua placa. Perguntou-se durante toda a trajetória por que ele havia marcado o encontro justo naquele hotel se o objetivo era levá-la a um sítio. Desde a noite anterior mal dormida Feiticeira também se perguntava desde quanto havia se tornado tão estúpida.
Um bandido te convida para um sítio isolado e o que você faz? Ê, pode me levar e me desovar à vontade, só me faça gozar algumas vezes antes.
Saíra de casa preparada para um encontro rural, então escolhera a melhor bota que tinha e uma calça de couro preto, com uma camisa de mangas compridas listrada em vermelho e branco. Olhou no relógio de pulso. Quase meia hora propositalmente atrasada. Adentrou o lobby do Tivoli, procurando por Iguana. O hall era suntuoso, o que deixou Paula distraída por um momento. Não percebeu quando o rapaz com farda do hotel se aproximou.
— Com licença, senhora. Procura por alguém?
— Estou esperando uma pessoa — respondeu com um sorriso educado.
— O Sr. Iguana?
Paula arqueou as sobrancelhas, surpresa ou ouvir o "nome" dele ser pronunciado pelo rapaz.
— Como sabe?
— Ele deu suas características, disse que eu saberia assim que a visse. Ele está há alguns minutos esperando pela senhora no heliporto
— Heliporto?
— Sim, no topo do hotel. Posso acompanhá-la até o elevador?
Um helicóptero? Sério?
— Claro, muito obrigada.
Enquanto subia as dezenas de andares ao lado do funcionário do hotel, Paula tentava refrear o que sua consciência dizia-a para fazer: descer daquele elevador e dar o fora enquanto tinha tempo. Iguana talvez já tivesse sido chantageado pelo Clube e agora a levaria a um local distante para se vingar. Por que mais daria um cavalo de uma fortuna pelo qual ele não abrira mão no leilão até o último minuto? Quanto mais pensava nisso, mais nervosa ficava. Suava frio.
Espero que ele me coma bem antes de me matar. Porque vou até o fim.
O funcionário deixou Paula no último andar, mas não desceu, apenas se despediu cordialmente. Ela passou por um corredor até a porta de acesso ao heliporto.
— Uau.
A vontade fora de levar as mãos à boca e demonstrar o deslumbramento ao ver o helicóptero particular, mas Paula se conteve com maestria, dando apenas um sorriso de quem não estava nem um pouco impressionada. Lá estava Iguana, encostado na máquina, fumando um cigarro.
— Quem é você? Christian Gray? — sorriu ela se aproximando mais ainda do helicóptero.
— Não entendi a referência, perdão — ele rebateu o sorriso. Usava uma roupa elegante e casual ao mesmo tempo.
Que homem gato! Não inventa de molhar agora, xereca.
— Ficaria desapontada se conhecesse. Está tentando me impressionar?
Os dois se abraçaram, se cumprimentando com um beijo no rosto.
— Ficaria desapontado se estivesse conseguindo.
— Vamos buscar o cavalo de helicóptero? — sorriu ela, tentando imprimir charme em cada poro do corpo.
— Não — ele deu uma risada, estacionando em um sorriso irresistível para Paula. — Vamos de helicóptero, mas voltamos em um veículo particular.
Feiticeira ficou subitamente séria, com o dedo apontado para Iguana:
— Que fique claro que se eu não retornar viva ainda hoje, pessoas procurarão por você.
— Presumo que deixou um vídeo com a mensagem — sorriu com leve sarcasmo.
— Acha que estou blefando?
— Os melhores blefes são os que poderiam ser verdade — sorriu abrindo a porta de passageiro da aeronave.
Paula hesitou por um segundo. Ainda teria tempo de fugir, se quisesse.
Dane-se, pensou. Vamos ver no que dá. E subiu no helicóptero.
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Clube Proibido [completo]
Mistério / SuspenseAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...