Dez pras duas, Valentina consultou no relógio. Apesar da tranquilidade do Jardim Botânico de São Paulo, ela estava apreensiva. Tinha um desafio a cumprir ainda naquele dia, mas não estava com cabeça para planejar nada. Só descansaria quando libertasse seu namorado. Sua única esperança era Ludo. Já havia ligado para Heitor Pimenta e marcado o encontro ali. Era um lugar afastado, como exigira Heitor, mas com certo movimento, para o mínimo de segurança. Olhou para a belíssima escadaria de pedra guardada por duas colunas, um pouco atrás, onde três jovens tiravam fotos. Valentina estava em um banco, em uma pracinha recheada de arbustos podados de forma retangular, com uma fonte no meio. Aquele lugar lhe transmitira tanta paz em outras ocasiões, mas não naquela. Seu coração disparou quando viu a figura em trajes sociais caminhando em sua direção. Não havia mais volta.
— Bela escolha — Heitor Pimenta disse se aproximando, com um sorriso. — Eu mesmo nunca havia vindo aqui, acredita?
— Seus capangas estão escondidos com snipers?
Ele riu alto.
— Você tem bastante imaginação — sentou-se ao lado dela no banco, olhando bem para as pernas à mostra da ruiva. — Você é uma delícia, sabia?
— Obrigada — respondeu com nojo. — Mas não marquei este encontro para receber elogios grosseiros.
— Não. Você veio para me dizer algo muito importante.
— Sim — Valentina precisava enrolar. Ludo ligaria a qualquer instante. — Mas primeiro diga como está meu namorado.
Pimenta deu outra risada.
— Vou levar você até ele, mas com uma condição.
— Qual? — seu coração acelerou.
— Quero transar com você. Quero foder sua bocetinha ruiva.
— Isso não... — Ninfeta Ruiva parou a frase tensa. Aquilo estava muito estranho. Heitor não parecia realmente interessado na informação que ela tinha, e agora dava como moeda de troca o sexo? — Você vai me devolver ele mesmo sem...
— Resolvi deixar tudo para lá. Consultei meu bom Deus e ele acalmou meu coração. Não quero mais vingança, não me interessa onde aquela vagabunda more. E ficou claro que não conhece a filha da puta, ou já teria entregue ela a mim. Foi uma infeliz coincidência. Os planos mudaram. Mas quero algo em troca do rapaz. Quero foder você até não querer mais.
Valentina hesitou. Algo estava errado. Seus problemas acabariam assim tão fácil?
— Como vou saber se não é uma armadilha? Como vou saber se não vai me matar?
— Por que eu faria isso? Vou libertar o rapaz e você não vai mais cruzar meu caminho. Simples, boneca. Claro que nem vai comentar com ele que tenho algo a ver com o sequestro. O pobre coitado nem sabe.
— Eu topo — disse com um lapso de esperança. O pastor parecia estar sendo honesto.
O celular vibrou em seu short. Valentina decidiu não mais atender. Por mais que o plano de Ludo fosse realmente bom, ele indicaria que ela e Paula estavam ligadas. A farsa de falar com o responsável da chantagem poderia arruinar tudo. E se Ludo não convencesse? E se Heitor desconfiasse? E mesmo que acreditasse, passaria a caçá-la posteriormente, ou mesmo a Ray quando e se o libertasse. Havia muito em jogo. Melhor não arriscar.
— Então, o que estamos esperando? Vamos? — ele se levantou estendendo-lhe a mão.
Valentina estranhou mais ainda. Ele não estava preocupado em ser visto com uma jovem bonita de mãos dadas? Deu-lhe a mão, levantando e o acompanhando. Não era de sua conta. Ignorou o celular que não parava de vibrar, inclusive com vibrações curtas de mensagem.
Se tivesse desbloqueado a tela o celular e aberto o aplicativo do WhatsApp, teria visto a mensagem em letras garrafais enviada por Ludo:
O VÍDEO DO HEITOR PIMENTA VAZOU!
ESTÁ EM TODOS OS NOTICIÁRIOS!
É UMA ARMADILHA, SANSA!
FOGE DAÍ ANTES QUE ELE CHEGUE!
RUIVA!!
ELE VAI MATAR VOCÊ!!!!
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...