Paula chegou em casa às pressas, com a cabeça a mil. Precisava lapidar seu plano, que era cheio de furos.
— Tão cedo, Paula? — admirou-se Miranda.
— Fui dispensada por hoje, vó.
— O almoço está quase pronto.
— Obrigada — disse correndo para o andar de cima.
Em seu quarto, tirou o uniforme, ficando apenas de calcinha e sutiã. Pegou as duas câmeras que havia guardado, colocando-as sobre a cama. Precisava descobrir uma forma de escondê-las.
Revirou o cômodo. Pegou em caixas, em sua bolsa, no case de seu notebook... Objetos nos quais poderia esconder as GoPro. Nenhum se encaixava em seu plano.
Analisou as câmeras pretas, com uma base de suporte, aderente a qualquer superfície. Eram menores que as que conhecia; talvez um novo modelo, mais discreto e avançado. Mas simplesmente chegar no apartamento e pregar a câmera seria arriscado. Precisava esconder uma delas em algo, antes de chegar lá. Estava correndo contra o tempo. Abriu a gaveta da estante onde guardava documentos. Havia uma pasta preta bem grossa. Soprou a poeira. Perfeito! A pasta possuía uma abertura circular na lombada. Só precisaria encaixar a câmera ali.
Ligou o notebook. Entrou no site do hospital. Procurou por qualquer imagem que a ajudasse a desenvolver seu plano. Nada. Digitou o nome do hospital no Google e a palavra "enfermeiro".
Isso!
Ali estava, uma foto ilustrando uma parte da equipe de enfermeiros. Alguns usavam um uniforme azul padrão, como imaginava, mas provavelmente seriam de um setor específico. Outros, jalecos brancos. Por se tratar de um hospital enorme, provavelmente conseguiria passar despercebida. Só precisava conseguir a roupa. O paciente dificilmente saberia diferenciar as roupas sendo azul ou o jaleco, qualquer um que conseguisse já valeria a pena.
Deu um suspiro forte.
Você está cada vez mais louca, Paula.
Deu uma risada. Poderia entrar à paisana, o acesso não seria tão difícil ao apartamento em que seu alvo estava internado. Mas queria fazer algo que demonstrasse sua ousadia. Queria mostrar ao Clube que não era uma amadora.
O próximo passo era procurar alguma loja que vendesse a roupa. Pesquisou por alguns minutos, sem sucesso. Provavelmente apenas hospitais ou clínicas encomendassem aquele tipo de fardamento. Procurou por lojas de aluguel de roupas e fantasias. Como imaginara, apareceram fantasias sexuais em trajes mínimos. Por fim, reduziu suas buscas a jalecos brancos femininos. Pronto. Achou uma loja no centro da cidade que vendia modelos prontos.
Abriu o aplicativo, fazendo Login.
Um cronômetro em contagem regressiva havia aparecido ao lado da miniatura do tal Ângelo. Faltavam menos de dez horas. Tomou banho novamente, trocou de roupa, optando por uma blusa de botão e calça preta. Desceu. Miranda estava cozinhando e Jacó assistia TV.
— Vô, você tem alguma prancheta?
— Prancheta? Acho que não.
Mais um item a ser comprado. Poderia passar em uma papelaria no caminho.
— Tudo bem.
— Você foi demitida?
Foi pega de surpresa pela pergunta.
— Não — mentiu. Precisava pensar em algo para dizer aos avós. Não queria que achassem que era uma incompetente.
— E seu novo namorado. Por que não nos apresentou?
— Namorado?
— O rapaz loiro que veio deixar você morta de bêbada ontem.
— Ai, que vergonha, vô.
— Quem sou eu pra julgar você, Paulinha? Só peço que tenha cuidado. Sabe que pode contar com o velho aqui, né?
— Sei sim, vô. Preciso ir, desculpa.
— Pra onde vai com tanta pressa?
— Depois explico.
— Não vai almoçar?
— Não — subiu, pegou várias xerox da faculdade e a pasta preta, a bolsa, e colocou uma das câmeras dentro. Hora de ir.
Estacionou em uma papelaria. Comprou uma prancheta e de volta ao carro, colocou as apostilas dentro, fazendo parecer um prontuário. Encaixou a câmera dentro da pasta preta, de maneira que só a lente ficasse à mostra pelo buraco na lombada. Colocou tudo empilhado e segurou diante de si. Perfeito, pareciam coisas que uma enfermeira carregaria. Deu partida no carro mais uma vez. Em poucos minutos estava na loja de fardamentos. Procurou o jaleco que mais se assemelhasse com o do hospital. Descia até abaixo dos joelhos. Pronto. Acelerou para o hospital.
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Será que ela vai conseguir?
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...