Capítulo 10: Dez minutos

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A priori os dois provavelmente acharam que se tratava de alguém pedindo informações. Mas ao se inclinarem para ver quem estava no carro e se deparem com o sorriso maroto no rosto da motorista, instantaneamente se animaram.

— Boa noite! — era a mesma voz arrastada e patética de antes, tinha certeza. Agora, olhando bem para o rosto dele, via que era um homem magro e feio, humilde, mas não um morador de rua. Provavelmente eram vizinhos de folga de algum trabalho braçal.

— Moram aqui perto? — ela abriu ainda mais o sorriso para seduzi-los.

— Ei — o outro estreitou os olhos, chegando ainda mais próximo do vidro. Estavam separados pelo assento de passageiro. Era mais cheio que o outro. Cabelo tão ralo que podia se considerar careca. — Eu conheço você?

— Ainda não. O que vocês têm aí?

— Uma garrafa de Absolut — mostrou o mais magro. O hálito de cachaça chegava até ela, como vômito em aerossol.

— Opa! Vão beber sozinhos ou a gente pode dividir?

— O que a senhora está querendo, moça? — o quase careca deu um sorriso ardiloso para mostrar ser experiente e ir direto ao ponto.

— O que eu quero? Numa noite fria como essa? Uma vodka na garganta e duas companhias quentinhas ao meu lado.

Os dois se olharam, incrédulos e ao mesmo tempo com a alegria de quem dera sorte grande.

— Pode contar com a gente, delícia — o mais magro ousou imprimir um pouco de intimidade.

— Entrem aí — fez sinal com o polegar para a porta traseira. — Vamos dar uma volta.

Os dois entraram, afoitos, fechando a porta com força.

Paula aproximou o celular do ouvido, aguardando instruções enquanto dava partida.

— Você tem dez minutos — era a voz calma do Playboy. — Convença um a chupar o outro.


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Vocês não leram errado. Hahahaha

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