— Você foi muito esperta. Se tentasse qualquer coisa, eu mataria seus avós. Se tentar qualquer coisa, eu mato seus avós.
Paula continuou em silêncio. Pimenta estava extasiado demais, mal se contendo. Olhava-a de cima abaixo no banco ao lado, enquanto o motorista se afastava cada vez mais da zona urbana, seguindo por um trecho à margem do Tietê.
— Eu vou te foder e torturar por dias. Dias! Vou te deixar viva só pra poder te foder mais ainda. E quando a raiva passar, eu te mato.
Feiticeira sabia que ele seria capaz disso. E muito mais. Mas não queria transparecer o pavor que sentia. Fazia um esforço sobre-humano para manter o semblante impassível. E sabia que isso irritava ainda mais o pastor. Só precisava achar o momento certo de agir. Não havia nenhuma arma apontada para ela ainda. Um erro de cálculo e seria sua morte. Pensou em usar o spray em Heitor e em seguida, no motorista. Mas com o carro em alta velocidade, como estava, acabaria sofrendo um acidente feio. Poderia também ser fisicamente atacada por Pimenta, ou ele poderia sacar alguma arma às cegas e seria seu fim.
Pensa, Paula. Pensa.
E se ele chegasse logo ao destino, onde mais homens os aguardavam? Não teria mais como agir. Tinha que ser logo!
A mão tremia. Estava aterrorizada. Não podia errar. Iria definitivamente se machucar no processo, o que não era uma ideia encorajadora. Mas ficar à mercê daquele psicopata seria ainda pior.
— Eu vou te foder com uma faca. O que acha? Uma faquinha de mesa, dessas de passar manteiga no pão.
Vai, Paula! Vai, Paula!
— Sem ponta, pra não machucar muito — riu grosseiramente.
Paula olhou pelo retrovisor o rosto do motorista. De vez em quando ele olhava para ela, atento. Provavelmente suspeitando.
O celular subitamente tocou. Alto. Paula se sobressaltou. Estava no bolso.
— Me dá essa merda! — Heitor estendeu a mão. — Anda!
Era a hora.
Sem pensar muito, Paula levou a mão ao bolso de trás e sacou o cilindro. Com o nervosismo, tentou girar a biqueira do spray para o lado certo, mas com a mão já estendida, Pimenta agarrou seu braço, torcendo-o e forçando-a a soltá-lo. Paula deu um berro de dor e o spray caiu no chão. Acotovelou o agressor, mas não com força o suficiente. Recebeu um puxão de cabelo e um soco no rosto, sentindo de imediato o gosto de sangue. Jogou o corpo para a porta, de costas para ela, esperneando e chutando Heitor, que se divertia em tentar imobilizá-la. O motorista sacou uma pistola, apontando-a com uma mão para trás enquanto dirigia com a outra, com destreza o suficiente para não capotar.
O celular continuava a tocar.
— Spray de Pimenta no Pimenta? — ria histericamente Heitor.
Um choque estrondoso no carro sacudiu-o violentamente. Paula foi jogada contra a mão armada, enquanto o motorista perdia o controle e Pimenta batia a cabeça no vidro. O carro girou algumas vezes. Freou, fazendo um barulho ensurdecedor no asfalto. Paula, ainda que desnorteada pela pancada repentina, aproveitou para abrir a porta e sair, tropeçando e caindo.
Outro carro freou em um cavalo-de-pau, a poucos metros dela.
O estouro de disparos fez com que gritasse, levando as mãos instintivamente à cabeça.
Levantou-se, ainda vida, percebendo que os tiros não vinham de Heitor ou do capanga, mas da porta aberta do carro recém-chegado.
— Sobe, vadia! — gritou Sara com a pequena pistola empunhada enquanto a outra mão segurava o volante.
Sem olhar para trás, Paula jogou-se dentro do carro, que deu partida imediatamente, sob o som de dezenas de disparos, dessa vez, vindos do carro de Pimenta. Paula se encolhia, mas conseguiu fechar a porta. Levantou a cabeça para ver Devassa com o pé no acelerador, invadindo a contramão e desviando de carros e motos. O celular de Paula ainda tocava.
— Amassou o carro. O conserto é por sua conta.
Pegou outra via, quase atropelando um rapaz na calçada. Só então largou a arma e pegou o smartphone, ao lado da marcha. Deslizou o dedo na tela. O celular de Paula, completamente embasbacada, parou de tocar.
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Caralho!
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...