Capítulo 141: Talvez o último abraço

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Paula pagou a corrida e saiu do veículo, olhando ao redor apenas para constatar que a rua estava completamente deserta. Deu alguns passos em direção à casa de Ludo. Fazia frio. Cruzou os braços para se aquecer. Seus passos ecoavam mais alto do que pretendia. Olhou para trás. O carro ainda estava parado. Continuou a andar, chegando até a porta. Ainda ouvia o motor do carro ligado. Pensou em acenar para que ele fosse embora, já que por cavalheirismo ele aguardava que ela entrasse. Mas e se Ludo não atendesse? E se não estivesse em casa? Teria de solicitar outro carro, o que poderia levar um tempo. Melhor esperar, era mais de uma da manhã.

Tocou a campainha.

Acorda, Ludo. Acorda.

Bateu na porta três vezes antes de tentar a campainha mais uma vez.

Quem vai abrir a porta uma hora dessas, gênio?

Estava com medo de chamar por ele, de fazer barulho para a rua.

Mais uma tentativa na campainha.

Mais cinco batidas.

O carro ainda aguardava.

Ela se posicionou diante do olho mágico.

— Ludo! — ela falou próximo à porta. — Sou eu, Paula. Ludo! — bateu de novo, mais forte.

A luz da sala foi acesa, iluminando o rodapé da porta.

— Paula? — ouviu a voz grogue dele.

O alívio deixou-a duzentos quilos mais leve. Virou-se sorrindo para o motorista e acenou, despachando-o. Barulho de chave na fechadura. A porta foi destrancada e alguns centímetros aberta. Ludo estava com um calção do Star Wars, sem camisa, com a cara inchada de quem havia acabado de acordar.

— Graças a Deus, Ludo! Posso entrar?

Ele abriu caminho, esfregando o olho com as costas da mão e piscando várias vezes.

— Claro que pode. Aconteceu alguma coisa? É uma da ma...

— Eu sei, Ludo, eu sei — ela entrou e ele automaticamente fechou a porta. Ouviram o barulho do carro dando partida.

— Quem está lá fora?

— Um Uber. Desculpa o horário. Preciso falar com você.

— Pode falar. O que houve?

— Você se encontrou com Valentina de novo?

— Valentina?

— A Sansa. A ruiva. Se encontrou com ela de novo?

— Não. Por quê?

Ela o olhou nos olhos por alguns segundos, analisando-o.

— Você me ensinou a detectar mentiras, lembra? Lembra que me indicou Lie to Me e eu maratonei?

— Eu não estou mentindo. Eu nunca mais a vi. Por quê?

Paula suspirou, fechando os olhos. E se fosse verdade?

— Ludo, eu confio em você mais do que em qualquer homem da face da terra. Mais do que em meu avô maconheiro. Sei que não mentiria pra mim, não é?

Ludo engoliu em seco. Olhou para baixo, evitando olhá-la nos olhos. E ela percebeu.

— Viu só? Está mentindo pra mim.

— Eu não...

— Tudo bem, Ludo — a voz feminina veio da direita. Paula olhou imediatamente, mudando em uma fração de segundos a expressão de surpresa para horror.

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