Capítulo 66: Julgamento (parte 11)

2.3K 265 26
                                    


Nayuri havia deixado todos os fiéis passarem em sua frente, inclusive dois que chegaram. Se seu plano com o rapaz que deixara chupar seus seios desse certo, conseguiria esconder a câmera a tempo. Havia ainda dois voluntários que varriam a igreja, mas estes estavam distantes. Andou até o confessionário com a bolsa aberta, a câmera dentro, rezando para o rapaz ter o timing certo, como haviam combinado.

Ajoelhou-se na almofada, mais nervosa do que antes.

— Padre, vim aqui porque pequei — sempre quis dizer essa frase.

— Abra seu coração, minha filha — a voz do padre soava cansada, entediada.

— Não importa o que eu conte, não vai poder contar pra ninguém, certo?

— A confissão é sagrada. Tudo o que me disser ficará entre nós e Deus.

— O senhor jura?

O padre deu uma risadinha.

— Juro sim, minha filha. É sua primeira confissão?

— A primeira. Não era muito de ir à igreja.

— Então comece a falar.

— Sou viciada em sexo.

— Vem se entregando ao pecado carnal, não é? Com um único parceiro?

— Não, senhor padre. O senhor não entendeu — Nayuri retirou a GoPro da bolsa, acionando-a e tentando discretamente posicioná-la próximo à tela quadriculada, caso o plano com o jovem furasse. — Eu não faço sexo. Sou viciada em ver vídeos, ler, me... masturbar. Ai, que vergonha!

— Então você não conclui o ato?

— Não, só fico na vontade, entende? E fico muito molhada só de pensar, padre.

— A luxúria está em sua alma porque deve haver uma lacuna enorme nela. Você se sente vazia?

Nayuri foi pega de surpresa. O padre acertara; sentia-se vazia, por mais que não exteriorizasse.

— É verdade, padre...

Não saia do personagem! Não saia do personagem!

— Então, com que frequência você tem esses pensamentos?

— Basta eu ficar sozinha, padre. Minha menininha começa a ficar molhadinha...

— A sua o quê?

— Minha menininha, minha... — cochichou: — Bocetinha.

— Entendi, entendi — disse com pressa, claramente constrangido.

— Tipo, agora mesmo, não consigo parar de imaginar um pinto bem gostoso em minha boquinha... — tentava soar como Valentina soaria. O estilo ninfetinha inocente era bastante efetivo nos homens.

— Evite blasfemar, por favor. Estamos na casa de Deus. Limite-se a descrever seus pecados da forma mais formal que puder.

— Ah, não, padre. O pecado é meu, eu tenho que descrever exatamente como me sinto, senão vou estar omitindo — Olhou para o lado, para se certificar de que ninguém a via com a câmera na mão. Como era escuro na cabine do padre, a filmagem apenas capitava a tela e o áudio. A regra era filmar a pessoa, não apenas sua voz. Tinha de pensar em uma forma de filmar o rosto dele...

— Continue. Mas contenha-se, por favor.

— Bem, eu... — Nayuri parou de falar ao ouvir os passos se aproximando. Seu coração disparou.

— Padre Jonas! Padre Jonas! — era ele, o garoto que chupara seus seios e que ela prometera mais se ele desse um jeito de tirar o padre do confessionário assim que ela se ajoelhasse.

— O que foi, meu filho? Estou no meio de uma confissão!

— Alguém quebrou a janela do seu carro!

— Meu carro!?

Puta que pariu! Ele quebrou a janela do carro do padre!

— Isso, padre Jonas. Vamos comigo!

— Não posso. Meu compromisso é primeiro com Deus, depois com as coisas materi...

— Pode ir, padre, eu aguardo — concedeu Nayuri.

— Mas eu...

— Vou me sentir muito melhor se o senhor for.

— Eu volto logo. Obrigado por compreender, minha filha.

Para de me chamar de "Minha filha".

Ele saiu acompanhando o rapaz, que deu antes uma piscadela para Japa.

Era hora de agir. Levantou-se, olhando ao redor enquanto dava a volta no estande de madeira. Abriu a porta da cabine do padre.

Onde eu coloco, Meu Deus? Ai, desculpa, senhor, sei que não vai me ajudar com isso. Mas se der, ao menos dá um desconto na hora de me castigar?

Pregou a GoPro no canto direito, no chão, com a lente para cima.

Seja o que Deus quiser!

Saiu do confessionário.

— Ei, o que fazia aí entro?

Nayuri virou-se.


############################

Duas palavras pra vocês: Quinta-feira. 

Não me xingem, por favor. Já não basta eu não ter publicado ontem. Minha orelha ainda está ardendo! Mas quinta tem a conclusão do julgamento e a nova fase: Punição!


Ah, e se você fica sem nada pra ler durante os intervalos de publicação, que tal ler minha obra favorita, Arlequim? Veja a resenha fenomenal do canal Cantinho da Ju:

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora