Capítulo 171: Plano (parte 1)

1K 158 16
                                    


Uma chuva torrencial caía lá fora. Não havia ninguém na área externa do loft. Paula estava encostada ao balcão do bar, bebendo uísque; nos sofás Sara, Negão e Nayuri conversavam sobre masturbação. Paula dissera querer ficar sozinha quando a chamaram para se juntar a eles. Logo acima, encostada na proteção do segundo andar, Pâmela fumava um cigarro.

— Não acredito — Devassa deu uma risada. — Todo dia?

— Claro que sim! — Negão respondeu, bem à vontade, deitado no sofá. — Qual o problema?

— Você transa praticamente todos os dias! Por que precisa se masturbar?

— Masturbação é uma necessidade humana, como respirar ou comer.

— Fale por você — Sara desdenhou, tomando um gole de sua bebida.

— Ah, eu me masturbo também, mas não todo dia — era Japa. — Prefiro transar.

— Corrigindo: é uma necessidade masculina — retificou Negão.

— Não faz sentido pra mim — falou Sara. — O que você imagina quando se masturba?

— Depende. Às vezes lembro de uma transa ou outra, homenageio vocês...

— Homenageia? — Japa deu uma risada alta.

— É. Apesar de que as punhetas não são muito fiéis. Começo com a Sara e termino com a atendente da padaria.

Os três riram.

— Eu não imagino ninguém específico — refletiu Nayuri. — Apenas começo a me tocar, a me sentir, pensar no sexo em si.

— Ah, não — Rafael balançou a cabeça. — Pra mim, basta um gatilho. Um rabo de saia, uma conversa de sacanagem... Mas tem que ter algo visual. De vez em quando abro o XVideos.

— Procure ajuda médica — recomendou Sara.

Paula deixou o copo sobre o balcão. Deu a volta, indo até a escadaria e subiu lentamente, até chegar ao lado de MILF.

— Não está no clima hoje?

— Estou pensativa — respondeu Paula.

— Eu também.

— No que está pensando?

MILF não respondeu. Seu olhar estava fixo nos jovens lá embaixo.

— Tenho um mau pressentimento — respondeu baixo.

— Em relação a quê?

— A "quem".

Paula olhou na mesma direção que Pâmela.

— Japa?

— Mais baixo.

— Desculpe.

— Sim.

— O que tem ela? — Paula sabia exatamente o que ela estava pensando, mas queria que saísse de seus lábios.

— Não confio nessa garota. É imprudente, impulsiva, inconsequente. Passou por muita coisa, mas agora quer se reafirmar.

— Isso não é bom?

— Não se tiver más intenções.

— Más intenções? — Paula fingia surpresa.

— Já falei com Sara a respeito de meu pressentimento. O último castigo foi traumatizante. Já vivi bastante para ver exemplos de pessoas que esperaram o prato esfriar para comê-lo.

— Fala de vingança?

— Sim.

Paula olhou para baixo mais uma vez.

— Não acho que ela seja capaz — mentiu. — Mas é melhor deixar isso bem claro para Sara.

— Já disse, eu falei com ela. Sara também não confia nela, eu sei disso. Essa loira é esperta. Se mantém próxima de seus inimigos.

Era a hora de Paula colocar o plano em ação.

— Sabe o que eu acho, de coração?

— O quê?

— Não disse isso a ninguém, e até havia esquecido, mas... — fingiu pensar no assunto, fazendo uma pausa. — Quando a filha de Sara...

— Eu também — Pâmela a interrompeu. — Não disse nada a Sara por medo que fizesse uma bobagem. Ela seria capaz de matar por causa da filha.

— Acha mesmo?

— Acho — colocou o resto do cigarro no cinzeiro ao lado do braço. Não tenho provas, nem você. Então melhor ficarmos quietas.

— Tem razão... — Paula não esperava a desconfiança de MILF com relação à filha de Sara, muito menos que não estava disposta a compartilhar a suspeita com a mãe da garota.

Se Sara chegasse até Nayuri ameaçando-a de morte caso algo acontecesse com a filha, seu plano seria mais eficaz. Pelo visto teria que pô-lo em prática sem esse detalhe.

Aproveitou para satisfazer a curiosidade.

— Sua graduação é diamante, certo? Há a mais alta?

— Não. Há mais uma. Titânio.

— Acha que chega lá em breve? — Paula estava eufórica por dentro. Era o que queria saber.

— Não. Estou ficando velha demais para o fetiche. Em breve não serei mais útil e me aposentarei. Cumpri meu papel.

— Todos estamos aqui graças a você. Mas, tenho uma dúvida... Se você foi a primeira, quem trouxe você ao Clube?

Pâmela sorriu para ela com ternura.

— Olhe apenas para a frente, Feiticeira. Olhando para trás não chegará ao titânio.

— Seria pretensão minha... — mentiu novamente.

— De todos aqui, você é a mais ambiciosa. Quero ainda estar no Clube para ver você chegar lá.

Paula sorriu.

— Quem sabe... — olhou para Nayuri, rindo alto lá embaixo.



##########################

Eita. O que será que ela está tramando?

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora