Clube Proibido [completo]

Capítulo 162: Confiança (parte 4)

Paula rastreou Aquiles pelo aplicativo; estava a alguns quilômetros dali, junto com Anabela. Dirigiu até a frente do restaurante, bem bonito e reservado. Resolveu ir a alguma balada nos arredores para passar o tempo. Bebeu, dançou, rejeitou investidas de dezenas de interessados, e finalmente recebeu a ligação. Saiu do meio do barulho para atender.

— Acabei de deixar ela em casa. Está muito bêbada. Queria ir para um motel, mas...

— Onde você está?

— Chamei um Uber. Vou voltar para onde deixei meu carro.

— Ok. Te encontro lá.

Paula foi até seu carro e dirigiu até o local onde antes havia rastreado os dois. Entrou no restaurante; eram quase duas da manhã. Havia pouco movimento, devido ao horário. Procurou uma mesa e aguardou. Minutos depois, Aquiles entrava com o cabelo loiro em gel, penteado para trás, e uma jaqueta de couro. Sentou-se do outro lado da mesa.

— Ela está apaixonada por mim.

— Meus parabéns.

— Foi necessário.

— E você, está?

— Não.

— Então qual o propósito disso?

Um garçom se aproximou, trazendo o menu. Olhou para Playboy com discreta admiração, afinal, estava com outra garota no mesmo restaurante. Paula pediu uma dose de uísque, e Aquiles também. Assim que o garçom se afastou, Playboy retirou um celular de dentro do bolso da jaqueta e colocou sobre a mesa. Em seguida, abriu o compartimento do cartão SIM, revelando uma espécie de chip preso por duas tirinhas adesivas, anexado por um finíssimo cabo flat que o conectava a um minúsculo bastão.

— Esta é a escuta — disse despregando o bastão e o chip. — No seu há algo parecido?

— Não.

— Claro que não. Essa é a menor escuta do mundo. Não é do tipo que você compra pelo Mercado Livre ou nos sites da china.

Paula sentiu-se aliviada. Uma parte do peso em seus ombros acabara de cair.

— Então apenas os supervisores dos validos têm desses.

— É. E só durante o probatório. Depois revelamos aos validos, e devolvemos aos Bastidores.

— Então a MILF não tem a sua, ou a do Marvin, ou do Fernando?

— Claro que não. Você era para ser a única já que seu probatório ainda não passou.

— Então Valentina...

— Marvin não usou com ela.

— Tem certeza?

— Eu sei como achar Valentina. Negão também.

Paula foi totalmente pega de surpresa.

— Como assim?

— Você não sabia que podia ser rastreada. Lembra no dia pegou um Uber pra casa do seu amigo? Rastreamos você. Encontramos Valentina depois que você saiu.

Paula estava sem chão. Por que não havia pensado nisso?

— E... O que pretendem fazer com essa informação?

— A ruiva era nossa amiga. Não vamos entregá-la, assim como você não vai. Na verdade, seu amigo espinhento já a levou para um lugar seguro. O Clube congelou as contas dela, não tem como usar o dinheiro.

Feiticeira precisava digerir aquilo tudo.

— Eu não acredito em você.

— Escuta, não faça nenhuma merda. Ou o Clube mata você. Seja esperta e você vai longe. Só estou tentando te proteger.