Capítulo 157: Vinte e quatro mil reais

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Oito anos atrás


— Desculpa, senhor, não sabíamos que estavam tendo uma reunião — Sara ouviu um de seus captores falar.

— Mas que merda é essa? Quem são esses dois?

— Este aqui deve dinheiro. Ia fugir com a puta dele.

Sara engoliu em seco. Ter o saco preto cobrindo a visão deixava-a aterrorizada, mas tentava se controlar, pensando furiosamente em uma maneira de contornar a situação.

— Eu posso explicar... — Leandro tentou falar, mas um soco no estômago o calou.

— Aaahhhhhgh!

— Não! Deixem ele em paz! — Sara gritou.

— Perdão, Iguana — disse o homem que já estava na reunião. — Meus homens são estúpidos. Saiam daqui! Levem eles para...

— Não — disse a outra voz, de tom grave, elegante. — Tire as vendas deles.

Sara piscou várias vezes se adaptando à luz do ambiente assim que o saco foi retirado de sua cabeça. Olhou para Leandro, que estava apavorado ao lado dos dois sequestradores; buscou passar para ele com o olhar a confiança de que estava tudo bem. Então olhou ao redor. Era uma espécie de escritório, sem decoração alguma, apenas um sofá, uma poltrona e uma escrivaninha com cadeira, onde havia um computador e papéis. Dois homens estavam sentados no sofá. Um deles era careca, entroncado, vestido de terno; o outro era um pouco mais velho que ele, mas charmoso, com cabelo ao gel penteado para trás e uma marcante tatuagem de uma caveira. Vestia-se de forma elegante, tanto quanto sua postura, de pernas cruzadas, os braços repousando no encosto do sofá.

— Eu cuido deles, Iguana — insistiu o careca. — Vamos continuar a pauta.

— Eles pediram dinheiro emprestado?

— Sim.

— Meu dinheiro.

— Sim.

— Então é problema meu, Montes — Iguana se levantou, se aproximando do casal. Deu um sorriso. — Qual dos dois fez o empréstimo?

— Eu — apressou-se em dizer Leandro. — Ela não tem nada a ver com isso.

— Certo — Iguana concordou. — De fato, ela não tem nada a ver. Meu negócio é com você, rapaz. Como se chama?

— Leandro — gaguejou.

— Você pediu quanto em dinheiro?

— Vinte mil.

— Vinte mil — repetiu Iguana. — Só para esclarecer, o Montes, com quem você deve ter falado antes, administra meu dinheiro. Ele empresta e cobra, é o responsável por garantir que eu não seja roubado.

— Não estávamos roubando — contestou Sara. — Fomos enganados. Roubaram nosso dinheiro...

Iguana olhou para ela sem dizer uma palavra. Sentiu-se ameaçada apenas com o contato visual, e parou de falar imediatamente. O careca se empertigava no sofá, impaciente. Os outros dois homens mantinham uma distância respeitosa, olhavam para baixo.

— Vinte mil reais é uma quantia ínfima — Iguana sorriu, desfazendo o olhar intimidador. — Mas você, meu jovem — tocou no peito de Leandro —, fez um acordo. Um compromisso. Então não importa se foram vinte mil reais ou vinte reais. Um homem tem que honrar com seus compromissos. E o seu era retornar a quantia que foi generosamente cedida a você. Se foram roubados — deu os ombros —, é uma fatalidade. Mas isso não exonera você do que você se comprometeu a fazer. Concorda?

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