Capítulo 74: Punição (parte 2)

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Dentro da piscina, Nayuri lembrava-se da infância feliz com os pais e a irmã. Lembrava-se de quando era tratada com igualdade pelos que mais amava.

Lembrou-se também de quando tudo teve fim.

Nayuri tinha dez anos de idade. O pai era bonito, exótico por ser coreano e por carregar pesado sotaque. Sempre fora meio fechado, mas quando tinha tempo, brincava com as filhas. A mãe era adorável, mas totalmente submissa ao pai. Moravam apenas os três e uma jovem empregada chamada Laura, que também era babá de Nayuri.

Japa jogava banco imobiliário com a Laura no quarto, no segundo andar da casa; a mãe era uma artista plástica e o pai, um empresário. Ambos estavam no trabalho. As duas estavam sozinhas, o que era bem comum.

Bateram na porta. A babá a abriu.

— Senhor Dokko.

— Preciso falar com você um minuto — disse sério a Laura. E olhando para a filha: — Fique aqui, Nayuri.

A babá saiu pela porta, fazendo antes um sinal para Nayuri esperar.

Alguns minutos haviam se passado. Além de entediada, Nayuri estava preocupada com Laura. E se o pai a estivesse demitindo? Ou será que alguma coisa havia acontecido? Saiu em silêncio, descalça, na ponta dos pés. Não costumava desobedecer ao pai, que geralmente se irritava bastante com isso e a castigava severamente. Mas amava Laura do coração. Desceu as escadas, andando em direção à cozinha.

Viu as sombras na dispensa. Os dois estavam lá dentro? Era tão pequeno e...

Laura gemia baixinho.

Nayuri se aproximou mais alguns passos.

— Pai!

Sobressaltados, os dois interromperam o coito. Laura estava com a calcinha abaixada e a saia levantada, o pai de Laura também estava com as calças arriadas. Nayuri viu o membro úmido do pai sair de dentro da babá por meio segundo. O suficiente para traumatiza-la.

— Eu disse para ficar lá em cima! — o pai gritou subindo as calças.

— Nayuri, não é o que você está pensando!

A menina correu dali chorando. O pai a alcançou nas escadas. Segurou-a forte pelos ombros.

— Se você disser uma só palavra sobre isso à sua mãe, vai se arrepender pelo resto da vida. Você entendeu?

— Por que o senhor fez isso?

— Eu sou homem! Eu tenho minhas necessidades! Se sua mãe souber do que aconteceu, você vai sofrer as consequências!

Depois desde dia, Nayuri sabia o que o pai e a empregada faziam quando estavam sozinhos. Era sempre o mesmo horário, quando ele escapava do serviço, horário em que a esposa trabalhava. Nayuri ficava no quarto, trancada, e os dois iam para algum outro cômodo. Provavelmente o quarto de casal, já que não havia mais o medo de serem pegos no flagra.

Um dia, contou à mãe. Houve uma discussão horrível, mas no fim o pai a convenceu de que Nayuri havia inventado tudo. Laura foi demitida de qualquer forma, o que deixou o pai ainda mais possesso. Não houve castigo. Ou melhor, o castigo durou até o dia em que resolveu fugir de casa, já adulta. Sua vida se tornou um inferno.

Nayuri deu um longo mergulho. A lembrança era dolorosa demais. Chorou embaixo d'água. Deu um grito que formou uma bolha de ar. Voltou à superfície, para o céu escuro e sem estrelas.

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Isso explica muita coisa...

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