Capítulo 133: À deriva

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Japa precisava espairecer. Precisava transar. Com o desafio planejado para o dia seguinte, teria sexo certo, mas não como ela gostava, sem preocupações, sem tensão, apenas prazer. A Sede seria o local perfeito, mas ela ansiava por algo novo. Pessoas novas. Carne nova. De preferência mais de uma pessoa. Entrou em seu carro com isso em mente.

Nayuri adorava a noite de São Paulo. A cidade nunca dormia, tinha sempre algo a oferecer. Enquanto dirigia procurando um local propício para sua desforra sexual, pensava em Sara. Estava apaixonada pelo lado bom dela. Sempre soube que ela não tinha como ser cem por cento megera. E o fato de compartilharem passados em comum deixou-a ainda mais empática. No fundo, Japa queria ter a segurança e postura que Devassa tinha. Mas era algo impossível para a sua personalidade. Não conseguia guardar mágoas de ninguém, nem tratar as pessoas de forma rude. Queria sempre agradar, se tornar amiga. Havia algum erro nisso? Queria ao menos não ser tão... Nayuri. Pegajosa, infantil, insuportavelmente amigável... Lembrou-se de seus ex-namorados. Nenhum durava muito tempo. Além destes defeitos, havia o ciúme. Japa tendia a ser possessiva. Não queria perder a pessoa que acreditava ser capaz de amá-la. E isso se repetia namorado após namorado. Sua sede por sexo também assustava. E embora ela tivesse o princípio de não trair, seus parceiros sempre desconfiavam de sua fidelidade, julgando-a uma ninfomaníaca. Quem sabe fosse; nunca fora diagnosticada. Lembrou-se em especial de Otávio, seu relacionamento mais duradouro. E também seu pesadelo.

Sacodiu a cabeça só de lembrar. Avistou uma boate, desacelerou, mas mudou de ideia e continuou. Sentiu a imediata vontade de acender um cigarro, mas não havia trazido os seus. Estacionou diante de umaloja de conveniência de um posto de gasolina e comprou o seu favorito. Voltou ao carro, já com o cigarro aceso. Sua vontade de transar aumentou ainda mais. Queria um gang bang, ou no mínimo um ménage. Queria ser preenchida, machucada, anestesiada. Dirigiu à deriva.

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