Ouça enquanto lê!
O enterro de Nayuri aconteceu em uma tarde fria. A mãe não compareceu, mas um punhado de colegas da faculdade sim. Além deles, em trajes negros, Pâmela, Rafael, Fernando e Marvin prestavam seu último adeus. Sara e Paula não haviam aparecido. Enquanto chorava, Pâmela sentia-se culpada, mas não havia dito nada a ninguém, já que Devassa havia fingido que nada havia acontecido. Ninguém mais parecia suspeitar; os membros ou a polícia.
Exceto Paula, claro.
Enquanto o enterro acontecia, ela chorava copiosamente em um quarto de hotel. Era tão assassina quanto Sara, e sabia disso. Não havia mais como voltar atrás. Pensou por um breve momento em se entregar, em dizer que a culpa havia sido sua... Mas desistiu. No fundo, sentia-se aliviada. Japa não seria mais um problema. Saber que estava se transformando em um monstro era assustador, mas ao mesmo tempo, era o sinal que esperava há tanto tempo: agora era mais forte, e não deixaria que a corrosão em sua alma atrapalhasse sua jornada.
Devolveu o celular a Miranda, tendo antes guardado o vídeo em um local seguro. A despedida dos avós foi dura, mas necessária.
— Jura que volta pra visitar a gente? — perguntou Jacó, segurando o choro.
— Juro, vô.
— Se cuida, Paulinha — disse Miranda dando-lhe um abraço. Jacó juntou-se a elas. Choraram os três.
Paula resolveu deixar a maioria dos pertences, levando apenas o que cabia em seu carro por ter valor sentimental. Longe dos avós não levaria perigo a eles. Mas ao menos estava livre. Não devia mais satisfações a ninguém, não precisava mais mentir. Era uma nova etapa em sua vida.
Sua graduação aconteceu um mês depois, com uma cerimônia simples, na qual foi eleita Prata. Invicta. Algumas palavras foram ditas por Pâmela, uma animação foi exibida no telão, mostrando seu codinome Feiticeira receber um brasão prata, e assim como na iniciação, transou com todos os outros membros. Mas desta vez não estava vendada.
Sara estava distante. Provavelmente a ideia de que havia matado alguém que iria ferir sua filha lhe trouxesse algum conforto. Paula cogitou deletar o vídeo e encerrar aquela história, deixando o peso daquele pecado apenas em suas costas. Que apenas sua alma perecesse como ferrugem.
Mas, por algum motivo, não o fez.
.
.
Feiticeira observava seu reflexo no luxuoso banheiro. O vestido branco e as joias de ouro conferiam-lhe uma altivez à qual não estava acostumada. Gostava do que via. Parecia alguém grande, importante, poderoso. Era como sentia-se: poderosa.
Sorriu para o reflexo.
Colocou os óculos escuros, ficando ainda mais imponente.
Atravessou o corredor do Shangri-La Paris até o discreto Krug Bar, que ficava dentro do hotel, passando entre as mesas rumo ao terraço, onde seu acompanhante a aguardava.
Paula não cansava daquela vista que tantas vezes sonhara conhecer de perto: a majestosa torre Eifell, ainda maior daquele ângulo. Estava ali como um lembrete colossal de que ela estava fora do Brasil, pela primeira vez, sentindo o mundo incrivelmente menor agora. Tudo era possível.
— Demorei? — perguntou ao se sentar à mesa, enchendo sua taça com champanhe.
— De maneira alguma, Scarlet — Iguana sorriu, irresistivelmente elegante.
— Onde estávamos?
— Nosso acordo. Você pediu para se retirar enquanto decidia.
— Sim... — Paula olhou para a torre, tão linda à luz do sol quanto era à noite, com iluminação artificial. — Vou dar a você informações sobre o Clube, contanto que não chegue perto de Sara.
— Não tenho intenção de machucá-la.
— Mantenha distância — Paula foi enfática.
Iguana abriu um largo sorriso.
— Mas não esconda nada de mim.
— Não irei. Tenho meus contatos. Em breve saberei muito mais.
— Enquanto isso vai continuar com esses... desafios?
— Está com ciúmes, Iguana? — Paula sorriu.
— Posso te oferecer muito mais. Pode ser dona de tudo que tenho.
— Isso é um pedido de casamento?
— Se estiver disposta... Tem lugar melhor para um pedido assim? — estendeu a mão para a torre.
Paula riu. Iguana provavelmente estava blefando, ou testando-a. De qualquer forma, já tinha sua resposta.
— Não. Vou continuar no Clube. Seremos sócios, amantes e nada mais.
Iguana era uma incógnita. Paula não sabia se estava desapontado ou feliz.
— Um brinde à nossa parceria — ele ergueu a taça.
Paula pegou a sua e brindou.
Usaria Iguana para conquistar seu império.
Então o mataria.
continua em
INFERNO DE NEON
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Juro que tô chorando. Consegui. Terminei Clube proibido.
Terminamos.
Digam o que acharam, por favor. Vou usar seus comentários para divulgar e tornar a continuação possível.
E mais uma vez, muito obrigado.
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Clube Proibido [completo]
Mystery / ThrillerAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...