Paula experimentou o vento esvoaçar seus cabelos, acariciar sua pele, zumbir em seus ouvidos. Havia poucas pessoas perto dela, o que deixava o lago à sua frente ainda mais majestoso, colossal. Recolocou os óculos escuros quando ouviu os passos se aproximando por trás.
— Scarlet.
Paula não se virou. Continuou na mesma posição. Iguana parou ao lado dela, com as mãos nos bolsos.
— É um belo lugar — ele disse contemplando o lago.
— É sim. Meus avós costumavam me trazer aqui.
— Sabia que antes de ser Parque da Aclimação esse lugar já foi a primeira sede do zoológico?
— Meu avô me disse.
— Não é o mais discreto dos lugares, mas acredito que fique longe de onde você mora.
— Longe o suficiente.
Iguana sorriu, respirando o ar puro profundamente.
— É um lugar adorável. Mas acredito que não marcou este encontro para admirar a paisagem.
— Não — Paula virou-se para ele, retirando os óculos. — Vim me fazer uma pergunta, pessoalmente.
Iguana estreitou os olhos, tentando decifrá-la.
— Deve ser uma pergunta muito importante.
— Para chegar onde chegou você se tornou um monstro pelo caminho, ou já era um monstro antes?
Iguana sorriu.
— É uma pergunta interessante.
— Responda.
— Eu fiz o que foi preciso. Sempre. Não construí meu império da noite pro dia.
— Então teve que pisar em algumas cabeças pra chegar ao topo?
— Não. Fiz com que se empilhassem voluntariamente para que subisse.
— Voluntariamente — Paula desdenhou.
— Sim. Seja por medo ou por ambição. Nunca obriguei ninguém a me seguir. Eles me respeitam. E temem. O que acaba sendo a mesma coisa. Tudo que tenho, eu conquistei.
— À custa de muito sangue, claro.
— Sim, adubei com sangue meu solo infértil. E consegui fazer crescer uma floresta com os frutos que tenho hoje. Sinto que ficou impressionada com o que aconteceu na chácara.
— Na verdade, não. Esperava isso de você.
— E o que não esperaria de mim?
— Agora, absolutamente nada. Acredito que já cometeu todo tipo de crime.
— Não todo tipo. Alguns eu repudio. Até os criminosos têm de ter ética.
— Estupro?
— Pelo amor de Deus! Estupro é imperdoável.
— Então nunca fez nada parecido.
— Nem eu nem nenhum dos meus homens. Eu torturaria e mataria quem o fizesse.
Paula queria ir direto ao ponto, mas não podia. Tinha de fazer com que ele confessasse por iniciativa própria.
— E se para você não me matar eu oferecesse sexo?
— Já fiz sexo com você.
— Hipoteticamente. Quero saber que tipo de criminoso você realmente é.
— Sexo não é moeda de troca pra mim.
Sara não mentiria. Vamos, confesse!
— Mas... — Iguana pôs a mão no queixo, fixando o olhar no lago. — Há alguns anos, um caloteiro tentou fugir, e meus homens capturaram ele e à namorada. Eu mal lembro do rosto dela, mas me recordo de ser uma garota muito bonita. Eu ia matá-lo, dar o exemplo, mostrar aos meus homens o que acontece com quem tenta me enganar. Foi como consegui respeito, sem exceções. Só que ela ofereceu a virgindade em troca. Fiquei com pena dela. Mas se deixasse os dois irem, logo a notícia se espalharia. Aceitei transar com ela em troca da vida dele.
— Isso é estupro.
— Como é estupro? Ela se ofereceu. Ela voluntariamente trocou a vida do namorado irresponsável pela virgindade dela. Eu não a forcei.
— Foi contra a vontade. Ela estava tentando salvar o namorado que amava.
— Por essa lógica, se eu transo com uma prostituta, eu a estou estuprando? Quantas prostitutas vendem seus corpos por prazer? Elas precisam, e transam com caras nojentos em troca de dinheiro. A jovem com quem transou trocou pela vida do amado. É um pouco mais romântico e trágico que a prostituição, mas ainda é a mesma coisa.
Paula estava entalada. Tinha vontade de socá-lo, mas seria um erro.
— Tenho minha opinião — disse por fim.
— Tenho algo para mostrar a você. Quero levá-la a um lugar.
— Eu tenho que ir, não tenho tempo.
— Eu sou mais ocupado que você, sem sombra de dúvidas, e estou aqui. Prometo que vai valer a pena. Não se preocupe, não envolve sexo.
— Não era uma preocupação. Mas realmente não estou no clima, e estou naqueles dias.
— Não que fosse um problema pra mim — falou com um sorriso. — Mas considere nossa despedida. Se depois disso nunca mais quiser me ver, eu vou desaparecer.
Não vai, Paula! Não vai!
— Tudo bem — disse contra seus instintos.
— Ótimo. Venha comigo.
Paula teve um terrível pressentimento, mas resolveu seguir Iguana, mesmo sabendo que poderia ser seu fim.
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O que acham que vai acontecer?
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Clube Proibido [completo]
Mistério / SuspenseAté onde vão os limites da luxúria e do desejo? Para o Clube, eles não existem. Sem tabus, sem pudores, sem vergonha... Jovens deliciosos, irresistíveis, mestres na arte da sedução, prontos para realizar as mais impensáveis fantasias de estranhos. ...