Capítulo 62: Julgamento (parte 7)

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Nayuri já entrava em desespero. Precisava ficar sozinha na igreja para poder esconder a câmera no confessionário. Sentia-se irresponsável por não ter feito tudo com antecedência. Agora que estava em cima da hora, as chances de dar errado eram colossais.

Olhou ao redor, de onde estava sentada no banco: duas senhoras de idade e um homem magro e alto, de bigode. Dentro do confessionário, à direita do altar, o padre ouvia a confissão de um fiel. O confessionário consistia em um estande ornamentado em formato de capela, que diferente do que Japa estava acostumada a ver em filmes, tinha espaço apenas para o padre; na lateral havia uma almofada para os fiéis se ajoelharem e uma janelinha com uma tela quadriculada. Tinha que entrar na cabine do reverendo para colocar a câmera, mas ficaria visível a todos da igreja, o que anulada seu plano de mostrar os seios. Tinha que usar apenas palavras para convencer o padre. O tempo estava se esgotando.

Como estudante de moda, Nayuri sempre usava looks com estilo, quase nunca provocativo demais. Para ela, ser sensual dependia do gingado, não da carne à mostra.

— Que coisa bonita uma jovem como você vindo se confessar — disse uma das idosas que acabara de se sentar ao seu lado.

Nayuri sorriu, simpática.

— É que nós jovens temos pecados mais fresquinhos. Se deixar pra contar tudo quando envelhecer...

A senhora riu.

— Você parece ser uma boa menina.

E burra. Por que não vim mais cedo tentar colocar a câmera? Como vou fazer isso, meu Deus?

Tinha que dar um jeito de tirar o padre lá de dentro, mas não podia ter ninguém por perto.

O homem que se confessava fez o sinal da cruz e se levantou.

— Sua vez, menina — disse a velha.

— Pode ir na minha frente. Prioridade vale na igreja também.

— Você é um doce! — tocou a mão nos cabelos de Nayuri e caminhou até o confessionário.

E agora? A Paula saberia o que fazer. Pensa, Nayuri. O que a Paula faria?

Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa.


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O que a Paula faria?

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