Capítulo 135: Seja seu deus ex machina

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— Esperem!

Valentina teve que reunir todas as forças para gritar, já que o chute no estômago a havia deixado sem fôlego. Heitor Pimenta fez um sinal com a mão, freando o avanço de seus capangas.

— O que a putinha tem a dizer? — disse Heitor, em seguida imitando o que seria a voz dela: — "parem, vocês não precisam fazer isso!".

Os capangas riram.

Valentina tossiu algumas vezes, mas então se levantou. Lembrou-se sobretudo de seu pai. Não se deixe silenciar antes de descobrir a verdade.

— Eu não trabalho com ela. Eu quero justamente destruir as pessoas para quem ela trabalha.

— Acha que isso vai te salvar? — disse um dos homens, com o volume na calça demonstrando o que estava pronto para fazer.

— Eu procurei você, Heitor, porque já venho investigando a Paula há alguns meses e acabei me tornando próxima a ela. Ficamos íntimas. Até transamos — os homens se entreolharam, dando risadinhas. — E em uma de nossas conversas ela comentou o que fez com você. Não disse o porquê, apenas que gente muito poderosa tinha pagado ela para isso. Eu então soube que eram as mesmas pessoas responsáveis pelo suicídio de meu pai.

Heitor franziu o cenho.

— Suicídio?

— Estou investigando Paula porque sei que ela fez com meu pai o mesmo que fez com você — Valentina levou a mão ao rosto, com o queixo trêmulo, começando a chorar. — Ela chantageou meu pai e por conta disso ele acabou se suicidando.

— Você está mentindo, sua puta.

— Eu sou tão vítima quanto você! — ela gritou na cara de Heitor. — Se quiser me matar, vá em frente. Se realmente descobriu onde ela mora e quiser matá-la, vá em frente. Mas eu estava prestes a descobrir não só quem está por trás disso tudo, mas quem os contratou para prejudicar meu pai. O mesmo poderia descobrir para você: quem os contratou para te chantagear. Quem foi responsável por você estar tão desesperado quanto meu pai ficou. Você não tem mais nada a perder. Meu pai tinha, por isso se suicidou.

Heitor estava inquieto, como um urso em uma jaula ao sol escaldante. A dúvida se estava sendo enganado de novo ou se realmente havia uma chance de descobrir quem havia começado tudo.

— Não faz sentido. Você nem sabia quem ela era. Não vai me enganar, sua vadia!

— Eu sempre soube. Quando me contratou para encontrar ela, eu entrei em pânico. Você queria matá-la e eu queria usá-la. Se eu a entregasse a você, ela morreria junto com minhas chances de encontrar os responsáveis. Ela é só um peão. Apenas faz o que pegam ela: transar, filmar e entregar aos chantagistas. Isso aconteceu outras vezes, com outras vítimas, e ela não é a única que trabalha para eles. Eu estava chegando perto. Só preciso de mais um pouco de tempo.

Heitor ficou pensativo. Olhou para seus homens, com clara insatisfação no olhar. Estavam ávidos para colocar as mãos nela.

— Vou acreditar em você. Mas vai trabalhar para mim.

Ótimo! Não acredito! Acabei de salvar minha vida!

— E mais uma coisa. Meus homens não vieram até aqui de graça. Vão foder você até dizer chega — e para os outros: — Enfiem em todos os buracos que conseguirem. Deixem-na em carne viva, mas não a matem. Nem deformem. Vai servir de aperitivo para o caso de tentar me enganar.

Valentina ficou muda. Estava tentando se refugiar em sua própria mente. Iria sobreviver, ao menos. E se vingar. Não descansaria enquanto não destruísse o Clube. Foram eles que sequestraram seu namorado, eles a estavam manipulando. E a levaram a uma morte certa por ter quebrado as regras, por estar investigando. Podiam fazer o que quisessem com seu corpo, mas sua mente estaria intacta, se alimentando com o veneno do ódio. Agradeceu a seu falecido pai, pois indiretamente ele havia salvado sua vida com a relação entre seu suicídio e o Clube. Por mais que não houvesse relação alguma, fora o link que faltava para convencer Heitor. Os homens já se despiam. Valentina respirou fundo. Abriu um sorriso. Levantou a blusa.

Clube Proibido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora