Capítulo 47: Dilema

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Eram nove e quarenta da noite quando Paula saiu da última aula. Ludo já a esperava na porta da sala.

— Já mudou de ideia?

— Eu sou moça de palavra. Vá dirigindo que eu te sigo.

Ludo assentiu, visivelmente contente. Paula sentiu-se bem por ajudá-lo, por ser responsável por vê-lo feliz. Dirigiriam por alguns minutos até o bairro em que ele morava, de residências de classe média. Ludo estacionou diante de uma casa sem muro, mas com tamanho relativamente grande, com uma fachada bonita e gramado.

— Você mora aqui? — Paula perguntou, embasbacada ao descer do carro..

— Moro sim. Meus pais pagam o aluguel.

— Deve ser uma fortuna!

— Eles têm dinheiro.

— Como assim? Você não disse que eram uma família de interior?

— Sim. Têm uma fazenda no interior, e ele é dono de alguns hectares de plantações.

— Como assim, Ludo? — a ficha ainda não havia caído. — Pensei que você não tivesse grana.

— Eu não tenho. Eles têm. Eu aceito o mínimo possível, quero conseguir as coisas com meu próprio suor. Meu emprego no concurso público foi o primeiro passo.

Ela o olhou de cima abaixo, como se estivesse conhecendo um Ludovico completamente diferente. Em sua mente, Ludo era um rapaz humilde, um coitado que tentava subir na vida. O carro era popular, as roupas eram simples.

— Você é bem discreto com suas origens.

— Pra que me gabar de algo que não me pertence? Como eu disse, quero conquistar o que é meu. Eu queria ficar em um apê simples, mas papai insistiu em alugar esta casa enorme. Dá um trabalho danado pra limpar!

Entraram na casa. A sala era grande, mobiliada com bom gosto, e pela decoração dava pra ter uma ideia da nerdice do morador: action figures nas estantes, quadros e pôsteres de séries, filmes e animes e uma poltrona que imitava o trono de ferro de Game of Thrones.

— Que foda, Ludo! Caramba, você tem um trono de ferro!

— É de madeira e plástico, na verdade — disse timidamente, mas com certo ar de orgulho. — De ferro seria muito caro, mas essa aí já foi o olho da cara.

Paula sentou-se nela, fazendo pose.

— Sou Paula Storm born, Khaleese, Mãe dos Dragões, a Não queimada, a... Não lembro de todos os títulos dela — riu.

— Não é muito confortável, mas é bacana, né?

— Muito! A galera vai adorar!

Ludo mostrou as outras dependências da casa, os vídeo games que tinha, os baralhos de Magic. O quarto que mais parecia uma locadora de DVD com tantos pôsteres e quadros. Paula estava encantada.

— Sua casa é muito da hora, Ludo!

— Pena que as visitas são raríssimas — lamentou com um sorriso triste.

— A partir de agora só se não me convidar!

— Você é sempre bem vinda. Te dou a chave se quiser.

— Não precisa tanto — ela riu. — Mas vamos ao que interessa. O que você já comprou?

Na cozinha, Ludo mostrou o freezer repleto de latas de cerveja e a geladeira com garrafas de vinho e bastante carne.

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