Capítulo 144: Rivotril

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Devassa engoliu os dois comprimidos de Rivotril de sempre, aconchegando-se em sua cama, sob as cobertas. Era a única forma de dormir e de minimizar os pesadelos que a assombravam todas as noites. Memórias cruéis de um conto de fadas que se tornara um conto de terror. Precisava descansar o corpo e a mente para manter seu desempenho no Clube. O que havia acontecido com Valentina mexera com ela. Sabia como ninguém que a pobre infeliz era uma vítima, e cedo ou tarde, chegaria sua vez. Por isso precisava juntar todo o dinheiro que conseguisse para sua filha. Então seu próprio destino não mais importaria.

O conforto daquela imensa cama macia fazia com que imaginasse Leandro ali, deitado ao seu lado, desfrutando daquele luxo, compartilhando com ele tudo o que para ela sozinha era vazio e sem propósito. Pensar nele causava-lhe pontadas no peito, um gosto amargo na boca, a impotência sobre o que não mais poderia ser mudado. Estendeu a mão para o criado-mudo, abrindo uma gaveta. Pegou algumas fotografias de câmera lomográfica, empilhadas no canto mais próximo à cama — era seu ritual enquanto o Rivotril não fazia efeito.

Na primeira foto já sentiu o velho aperto no peito. Ela, sentada em um banco com um violão nas mãos, fazendo careta pela dor nos dedos ao tentar tocar.

Abriu um sorriso doloroso.

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Essa foto tem história...

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