Capítulo 25: Demônio (parte 3)

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Com o carro estacionado diante no hospital, desceu com a pilha de papeis e pasta, com a bolsa presa ao ombro, o jaleco dentro. Dirigiu-se à recepção. Já sabia em qual apartamento e em qual andar seu alvo se encontrava. Passou direto, torcendo para não ser barrada, afinal, não era horário de visitas. Caso precisasse, criaria uma história qualquer.

Subiu o elevador para a área de internação. Havia outra recepção ali, mas por sorte o corredor era amplo e comprido. Passou discretamente pelos recepcionistas — um homem e uma mulher — ocupados em seus computadores.

Seguiu adiante, entrando em um banheiro à esquerda.

Olhou para o espelho. Tinha de observar o fluxo de pessoas no apartamento de seu alvo, para não ser pega de surpresa quando entrasse. Para isso, tinha de aguardar. Saiu do banheiro, localizou o número do apartamento e voltou à recepção, sentando-se em um dos bancos próximos, mexendo em seu celular para não chamar a atenção. Pra quem a visse, seria a acompanhante de alguém dando um tempo lá fora. Durante vinte minutos observou a ida e vinda de enfermeiros a diferentes apartamentos. Uma entrou no de seu alvo, o tal Ângelo. Demorou pouco e saiu. Pouco depois entrou um homem à paisana, provavelmente o acompanhante. Demorou um pouco até que ele saísse, e ao vê-lo entrar no elevador, imaginou que fosse demorar voltar.

Era hora de agir!

Andou até o banheiro, vestiu o jaleco às pressas, ajeitando o cabelo em um rabo-de-cavalo. Encarou o espelho por alguns segundos, fazendo diferentes expressões e analisando o look. Ficou em dúvida quanto ao disfarce ser ou não convincente. Bateu um medo, suou frio. Pegou papel toalha, limpou a testa, mandou um beijo para a própria imagem. Não podia entrar com a bolsa. Arriscou deixá-la sobre a caixa de descarga do reservado.

Respirou fundo, saiu do banheiro com o material em mãos.

— Enfermeira!

Paula gelou. Era um homem em pé à porta de um dos apartamentos. Fez um sinal, chamando-a.

E agora?

— Estou um pouco ocupada.

— É o soro, já está acabando.

— Em um minuto — sorriu.

O homem ainda a olhou por um momento, admirando-a. Muito difícil ser discreta e ser gostosa, pensou. Por fim, fechou a porta. Paula apressou-se, antes que alguém do hospital a visse ali.

— Com licença! — disse abrindo a porta do apartamento de seu desafio.


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Agora vai!

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